A Outra
Scarlet e Natalie: irmãs separadas por um rei
Foto: Google Image
Uma das coisas mais legais do cinema é que cada filme tem um “não se quê” difícil de definir, o que faz com que a sétima arte fique o mais longe possível de uma ciência exata. Em relação a “A Outra” (The Other Boleyn Girl, EUA, 2008), dirigido por Justin Chadwick, isso fica visível. A gente vai à locadora crente de que irá assistir um filmão. E depois que termina, fica difícil de definir a razão de ele resultar tão frustrante.
E havia tantas razões para que a fita não fosse assim! O elenco é ótimo: duas belas atrizes (Natalie Portman e Scarlet Johansson) e um ótimo ator (Eric Bana). A trama, baseada em fatos históricos reais, também é fascinante: a obsessão do rei inglês Henrique 8º (Bana) em ter um filho para herdar o trono, a perseguição a sua mulher, Catarina de Aragão (Ana Torrent, a menina de “Cria Cuervos”), por não conseguir isso e seu envolvimento com as irmãs Bolena.
A história oficial conta mesmo seu casamento com Ana (Natalie) e nem cita Mary (Scarlet). Mas está aí um dos motivos pelo qual o filme não “pega” o espectador. Ana Bolena passou para a história como vítima, afinal foi decapitada. Aqui o roteiro a mostra como uma garota fútil, aproveitadora, até mau caráter, que usa a irmã para conseguir o que quer. Para complicar, Scarlet não está bem e fica o filme todo com cara de chorona. E Bana destaca o lado tirano do rei sem nenhum pudor. Ou seja, a gente não se envolve, não “torce” por ninguém. Na ânsia de ser fiel historicamente, o diretor se esqueceu que cinematograficamente o público “precisa” de um herói, ou heroína. (Ronaldo Victoria)
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