O Acompanhante
Carter Page 3º e suas amigas: mundo de aparências
Foto: Google Image
Quem se deixa levar pelo título nacional, “O Acompanhante” (em inglês é The Walker, algo como caminhante), pode pensar que se trata da história de um cara que faz programas sexuais com senhoras (não cabe a expressão “garoto de programa” por uma questão de idade). Ainda mais por que o diretor, Paul Schrader, é o mesmo que fez “Gigolô Americano” nos anos 80, com Richard Gere.
Nada mais equivocado que pensar isso. O personagem principal, Carter Page 3º
(vivido com brilho por Woody Harrelson), é um gay afetadíssimo (e com doses de amargura na mesma proporção) que acompanha senhoras de meia-idade em rodas de carteado e de fofoca em Washington.
As amigas são interpretadas por atrizes como Lauren Bacall e Lily Tomlin, o que torna o elenco uma atração à parte. Kristin Scott Thomas é a mais chegada a Carter, Lynn, casada com um senador (ponta de Willem Dafoe). Por conta de uma tragédia (o amante de Lynn é assassinado e ela encontra o corpo quando estava com Carter), o protagonista acaba vendo como a “tolerância” ao seu estilo de vida e a sua opção sexual é ilusória na capital do poder norte-americano. Afinal, como diz seu namorado fotógrafo (feito pelo alemão Moritz Bleibtreu), “só em duas cidades é problema ser gay: Washington e Salt Lake City”. A primeira por ser capital da política e a segunda da religião mórmon.
Harrelson tem duas cenas corajosas: uma quando tira a peruca e mostra a careca e os efeitos da passagem do tempo e a outra quando beija Bleibtreu na boca. É uma produção forte, com tema sério, mas só indicada para quem não se incomoda com temas polêmicos. (Ronaldo Victoria)
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