terça-feira, 30 de setembro de 2008

Chega de Saudade

Maria Flor e Stepan Nercessian: baile complicado
Foto: Google Image

Nos tempos em que cinema vem cada vez mais sendo voltado para as platéias adolescentes, foi um risco um filme nacional se dedicar a um tema tão ligado à terceira idade como "Chega de Saudade". Portanto, o fracasso da fita dirigida por Laís Bodansky nas salas de exibição era esperado. Só que esse fracasso foi totalmente merecido.
E por dois motivos. Primeiro porque a história não tem lá grandes conflitos. A trama se passa num salão de baile onde vários personagens se cruzam. O filme dura apenas o tempo do baile. E pouca coisa de significativo acontece. Há o casal (Tônia Carrero e Leonardo Villar) que passou dos 80 anos, ambos viúvos, e que tenta se acertar. Aparece uma garota (Maria Flor), namorada do rapaz de som (Paulo Vilhena). Ela é paquerada por um coroa malandro (Stepan Nercessian), para tristeza da sua noiva madura (Cássia Kiss). E existe uma cinquentona azeda (Betty Faria), que não é tirada para dançar e é "socorrida" por um profissional.
Este é o ponto principal da chatice do filme. Todos os personagens parecem amargos, para baixo. Laís, que foi bem melhor em "Bicho de Sete Cabeças", perdeu a grande chance de fazer um filme terno. Para complicar, a forma como é mostrada a passagem do tempo para as atrizes chega a ser cruel. Tônia, Cássia e Betty têm radiografadas todas as rugas. Sem contar com os closes do rosto de Elza Soares, que vive a cantora do salão. (Ronaldo Victoria)