terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Anticristo

Charlotte Gainsbourg: dor, solidão e desespero
Foto: Google Image
Tem tudo para ser uma das experiências cinematográficas mais radicais da sua vida. E não tem meio termo: ou se aceita ou se rejeita. No último Festival de Cannes, o drama de horror dirigido pelo dinamarquês Lars von Trier foi vaiado durante a exibição e ele quase agredido na coletiva de imprensa. Ele é provocador mesmo, para alguns marqueteiro, para outros um sábio por não acreditar na bondade humana.
Segundo ele, a inspiração veio durante uma crise de depressão profunda, paralisante. O roteiro traz apenas dois personagens, um casal conhecido apenas como Ele (Willem Dafoe) e Ela (Charlotte Gainsbourg). As primeiras cenas são lindas, poéticas, mostrando sexo até explícito. Mas o menino do quarto ao lado desaba e morrer, pois a janela foi esquecida aberta.
Vem daí o terror. Se perder um filho é o auge da dor, se sentir culpado por isso acrescenta muito mais à dor. Ele é psicanalista, tenta entender a mulher, mas Ela entra em processo de histeria. Há até uma cena de mutilação genital, com close de uma tesoura cortando o clitóris. Há fogo e comparação com a caça às bruxas. Com isso há mais uma acusação a Von Trier: ele seria misógino? Tente responder. Se tiver coragem... (Ronaldo Victoria)