domingo, 31 de maio de 2009

Uma Noite no Museu 2

Ben Stiller em cena da comédia: diversão garantida
Foto: AllMovie Photo
Era tão evidente que haveria uma continuação que ela chegou apenas três anos depois do primeiro filme. O diretor é o mesmo, Shawn Levy, e claro é o astro também: Ben Stiller, um comediante sempre interessante, pois consegue ser engraçado sem nunca apelar ou fazer careta.
A história começa com Larry Daley, seu personagem, longe do museu e agora bem-sucedido executivo de uma empresa que vende pela TV bugigangas como uma lanterna que brilha no escuro. Mas o antigo trabalho o chama quando descobre que o Museu de História Natural do Brooklin vai praticamente fechar e deixar seus amigos como o presidente Thomas Jefferson (Robin Williams), o caubói (Owen Wilson) que o chama de “pernudo” e o centurião romano (Steve Coogan) encostados.
Então ele vai para o famoso Smithsonian, em Washington, museu moderno em que serão abrigados. Lá enfrenta um faraó rancoroso (Hank Azaria) e até pinta um clima de romance com Amélia Earhart (Amy Adams), a primeira aviadora americana. Diversão garantida. (Ronaldo Victoria)

sábado, 30 de maio de 2009

Perdendo a Noção

Steve Coogan (ao centro) em cena: sátira corrosiva
Foto: AllMovie Photo
Quando viveu o príncipe de Shakespeare nos palcos brasileiros ano passado, Wagner Moura citou vários filmes que serviram de inspiração. Não deu tempo de citar esse, que foi lançado em 2008 nos Estados Unidos, não passou nos cinemas nacionais e sai direto em DVD. Nem era o caso, já que a comédia dirigida por Andrew Fleming, apesar de ter como título original Hamlet 2, é mesmo uma sátira.
O roteiro tem uma ironia demolidora, principalmente a pretensão de atores que sonham em um dia ser Hamlet no teatro. É isso que acontece com Dana (Steve Coogan), ator fracassado que só faz pontas e comerciais e sobrevive dando aulas de teatro numa escola de ensino médio.
Um dia decide fazer com os adolescentes uma “releitura” de Hamlet num musical estilo Broadway, onde há espaço até para o professor viver um Jesus sensual. Por ironia, consegue o que nunca teve: sucesso. Elizabeth Shue tem participação especial vivendo... Elizabeth Shue, uma atriz desiludida que vira enfermeira. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Guerra ao Terror

Jeremy Renner em ação: aventura eletrizante
Foto: AllMovie Photo
A guerra pode ser um vício, e fortíssimo. É o que conta essa aventura eletrizante (título original “The Hurt Locker”), dirigida por Kathryn Bigelow, uma das poucas mulheres de Hollywood a se dedicar ao gênero. Aqui o cenário é o Iraque ocupado pelas tropas americanas.
A história fala sobre o cotidiano quase suicida de um grupo especializado em desarmar bombas. Além de terem de lidar com terroristas e tentarem sobreviver num lugar em que, por motivos óbvios, são odiados, eles sabem que qualquer erro, o menor descuido, pode ser fatal.
Astros como Guy Pearce, Ralph Fiennes e David Morse aparecem na capa do DVD como chamariz, mas fazem pequenos papéis. Quem brilha mesmo é Jeremy Renner, sensacional na pele do angustiado sargento William James. Ele merece ser mais famoso. Evangeline Lilly, a Kate de “Lost”, faz uma ponta como esposa dele. Não perca. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Dublê de Anjo

Lee Pace e Catinca Untaru: fábula com visual belíssimo
Foto: AllMovie Photo
Pode apostar: este será um filme diferente de todos que você já assistiu. Por isso, vale a pena ser procurado nas locadoras. A diferença é que o visual é impressionante, com uma coleção de imagens belíssima. Foram captadas em 18 países, incluindo o Brasil, pelo diretor, o indiano Tarsem Singh, que fez sucesso nos anos 90 criando clipes musicais de sucesso, como “Losing my Religion”, do REM.
A história fala sobre um aventureiro (Lee Pace), internado num hospital e imobilizado, que faz amizade com uma garotinha (a romena Catinca Untaru, que é um encanto). Sem nada melhor para fazer, ele conta para a menina uma história sobre um bandido mascarado e seus amigos que tentam conquistar uma princesa.
Pena que o título nacional não signifique nada, a não ser contar qual é a profissão do rapaz, o que na história também significa uma homenagem ao cinema. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ghost Town

Rick Gervais, Téa Leoni e Greg Kinnear em cena da comédia
Foto: AllMovie Photo
O dentista Bertram Pincus (Rick Gervais) é como o mundo, especialmente os americanos, entende ser o típico inglês: talentoso porém incrivelmente frio, a ponto de não se relacionar com ninguém e achar o ato de dar “bom dia” no elevador uma tortura. Um dia, durante uma operação de rotina, fica inconsciente durante sete minutos, “morre” durante este tempo.
Ao voltar, percebe que adquiriu uma estranha capacidade, a de se comunicar com o mundo dos mortos. Assim, passa a se relacionar com Frank (Greg Kinnear), executivo malandro que morre logo nas primeiras cenas da comédia, atropelado por um ônibus. Por meio de Frank, chega até Gwen (Téa Leoni), sua ex-mulher, paleontóloga que faz pesquisas sobre múmias.
Infiel à esposa, Frank tenta se emendar por meio do inglês, que durante a relação com Gwen entende por que ficou tão frio e vê um novo motivo para acreditar no amor. Como se vê, a comédia dirigida pelo talentoso David Koepp não abre mão da inteligência e da sensibilidade. Não passou nos cinemas e merece ser descoberta nas locadoras. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 26 de maio de 2009

O Amante

Antonio Banderas e Liam Neeson: dores da perda
Foto: AllMovie Photo
O elenco deste drama romântico já chama a atenção pelo charme: Liam Neeson é o marido, Laura Linney a esposa e Antonio Banderas o amante. Depois há outro detalhe, o fato de que o roteiro é baseado num conto de Bernhard Schlink, o mesmo autor de “O Leitor”.
E o filme dirigido pelo inglês Richard Eyre cumpre muito bem as expectativas que desperta. É uma obra adulta, que relata com muito talento várias faces de uma relação amorosa, sem ficar no lugar-comum. No conto original, ambientado no passado, o marido começa a receber cartas do amante que não sabe da morte da mulher.
No filme, atualizado, Peter (Neeson) mexe no laptop da esposa, Lisa (Laura), uma famosa designer de sapatos que enfrentou um doloroso câncer, e vê os emails que trocava com Ralph (Banderas), um italiano que era seu segredo. Os dois homens acabam se conhecendo e de certa forma dividem a dor da perda. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Charlie Um Grande Garoto

Anton Yelchin e Kat Dennings: consultório na escola
Foto: AllMovie Photo
Comédia que toca em assuntos muito sérios, e com originalidade e inteligência, o que é ainda melhor. O Charlie do título é vivido por Anton Yelchin, bom ator jovem, que também está no novo “Star Trek” como o astronauta russo. Na primeira cena, descobrimos que Charlie vai ser novamente expulso de um colégio particular, por criar um esquema ilegal entre os alunos.
A última saída é uma escola pública, dirigida por Nathan Gardner (Robert Downey Jr., sempre convincente, no drama ou na comédia). Nos primeiros dias, Charlie apanha feito louco do valentão do pedaço e é considerado um grande esquisito. Mas aos poucos, com talento, consegue conquistar a atenção da galera, criando até uma espécie de tráfico de antidepressivos e um consultório psiquiátrico no banheiro.
Tudo porque Charlie convive com a depressão da mãe, Marylin (Hope Davis). Para complicar, ele se apaixona e é correspondido justamente por Susan (Kat Dennings), a filha do diretor, que não gosta nada da história. (Ronaldo Victoria)

domingo, 24 de maio de 2009

Orquestra dos Meninos

Priscila Fantin e Murilo Rosa: boas intenções
Foto: Google Image
É mais uma produção a demonstrar que no cinema brasileiro, de boas intenções os fracassos de bilheteria estão cheios. Tudo porque o filme, teoricamente, parecia ser destinado a atrair o público. A história é interessante, empolgante, e fala de algo que realmente aconteceu.
O roteiro conta a vida do músico Mozart Vieira, vivido com intensidade por Murilo Rosa. Apaixonado pela sua arte, ele cria uma orquestra em São Caetano, cidade do interior de Sergipe. Junta velhos instrumentos e convence os adolescentes a aprender, o que para muitos significa um resgate da miséria.
Tudo parece ir bem, até que os poderosos da cidade, os coronéis, lutam contra e Mozart é acusado até de pedofilia. O maior problema é que o diretor Paulo Thiago faz uma encenação convencional, antiga, em que os personagens acabam virando caricaturas, o que irrita. E a idéia de escalar a global Priscila Fantin para ser uma garota sertaneja foi um grande equívoco. Uma pena. (Ronaldo Victoria)

sábado, 23 de maio de 2009

O Lutador

Mickey Rourke: o drama da decadência física
Foto: AllMovie Photo
Esse drama dirigido por Darren Aronofsky transmite tanta verdade que às vezes até parece um documentário. Além do roteiro excelente, a história do ator e do personagem são muito parecidas. Mickey Rourke, galã nos anos 80 (lembra de "Nove e Meia Semanas de Amor" e "Coração Satânico"?) perdeu o rumo da carreira exatamente por causa da luta livre, obsessão de Randy The Ram, algo como O Carneiro.
Randy se exibe em palquinhos de quinta categoria, em lutas arranjadas, para um público sedento de sangue e que ao mesmo tempo o despreza por ver nele aquilo que mais temem: a decadência, o fato de estar fora do mundo.
O lutador tenta a redenção por meio da filha (Evan Rachel Wood), a quem abandonou e que hoje o despreza, e da amante que faz strip-tease (Marisa Tomei). Também procura outros empregos, mas pode ser que para ele seja tarde demais. Triste e comovente em altíssimas doses. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Um Homem Bom

Viggo Mortensen em cena: também se erra por omissão
Foto: AllMoivie Photo
Produzido na Inglaterra e dirigido pelo brasileiro Vicente Amorim, o drama é mais um exemplar da linha que pretende discutir a adesão dos alemães ao nazismo. O personagem principal é Halder, vivido por Viggo Mortensen, um ator sempre interessante. Professor de literatura numa universidade, Halder reage com passividade a ameaças como queimas de livros, o que não parece ser sinal de bom caráter.
Um dia, é convidado a visitar um importante figurão, que lhe conta que o próprio Hitler gostou de uma de suas obras, justamente a que fala a respeito de morte piedosa.
Em casa, sua rotina é um caos, com uma esposa neurótica (Ruth Gimmel) e uma mãe (Gemma Jones) à beira da morte. Quando se apaixona por uma aluna (Jodie Whitaker), aparece a chance de aderir ao partido, o que faz sem convicção, e provoca a ira do amigo judeu (Jason Isaacs). Tarde demais ele descobre o que está acontecendo. Mas fica difícil simpatizar com o personagem. Também se erra por omissão, é bom lembrar. E em vez de homem bom, ele parece homem bobo. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Sim Senhor

Jim Carrey e Terence Stamp: conto da auto-ajuda
Foto: AllMovie Photo
Muita gente rejeita Jim Carrey como ator por causa de um rótulo que grudou firme: o de ser careteiro. Por conta disso, o ator tenta fazer de sua carreira um misto entre comédias rasgadas e produções mais sérias, em que não precise fazer graça. Esta comédia, dirigida por Peyton Reed (o mesmo de “Abaixo o Amor”), é do time das descompromissadas, mas o lado careteiro do astro até que está contido.
No filme Carrey vive Carl, um cara que diz “não” para a vida. Além do trabalho, não tem disponibilidade para os amigos e muito menos para o amor, vive inventando desculpas para se afastar do convívio social. Um sociopata, em suma. Até que um dia é convidado para uma reunião de auto-ajuda de um guru que prega a necessidade de dizer “sim” para a vida.
A participação de Terence Stamp como o guru charlatão é muito legal, assim como a visão de que as teorias de auto-ajuda só ajudam mesmo seus autores. Pois quando Carl resolve dizer “sim” para tudo, seus problemas só aumentam. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O Leitor

Kate Winslet e David Kross: relação intensa
Foto: AllMovie Photo
A primeira conclusão (um tanto óbvia), terminado o filme, é de que Kate Winslet realmente mereceu o Oscar de atriz. Sua interpretação de Hanna no drama dirigido por Stephen Daldry foge de qualquer lugar-comum e passa uma compreensão que talvez outra atriz (Nicole Kidman começou e desistiu) não trouxesse.
A segunda é de que se trata de uma produção adulta e rara, que acrescenta ao espectador e faz pensar. Hanna é a mulher que trabalha de cobradora de bonde e na Berlim de 1958 conhece o adolescente Michael (David Kross). Mesmo com a grande diferença de idade, os dois têm um caso e ela pede ao rapaz um favor após as tórridas sessões de sexo: que leia em voz alta para ela.
Anos depois, já como estudante de direito, ele a reencontra da pior forma possível: julgada por crimes de guerra, já que foi guarda de um campo de concentração nazista. O desenvolvimento do enredo nunca é o esperado e comove. Ralph Fiennes como Michael maduro e Lena Olin, nas últimas cenas, também têm participações marcantes. Obrigatório. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Troca

Angelina Jolie foi candidata ao Oscar de atriz
Foto: AllMovie Photo
É um drama pesado. Que não faz a menor questão de disfarçar o fato de ser dramático e difícil, num tempo em que o cinema parece cada vez mais ser “leve” (a maioria das vezes no mau sentido). Responsabilidade de Clint Eastwood, o diretor, que sempre deixa sua marca nos filmes em que está a frente, geralmente uma compreensão do ser humano que só a maturidade traz.
Aqui Eastwood escolheu uma história que incrivelmente é real, e ambientada na Los Angeles dos anos 1930. A heroína é Christine Collins (Angelina Jolie, que prova ser uma grande atriz, além de linda). Mãe solteira, ela enfrenta a perda do filho de oito anos, Walter, que desaparece de repente.
A polícia tenta enganá-la, apresentando um garoto que não é Walter, apenas para mostrar serviço. Porém, Christine não se dobra, o que trará sérias conseqüências. Além de Angelina, brilham no elenco John Malkovich como o pastor que a ajuda e Jason Butler como o assustador psicopata que pegou o menino. Imperdível. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Anjos e Demônios

Tom Hanks e Ayelet Zurer: trama fantasiosa demais
Foto: Google Image
É curioso ver como os livros de Dan Brown, que pareciam empolgantes nas páginas, resultam decepcionantes nas telas, apesar da superprodução (direção de Ron Howard e Tom Hanks liderando o elenco). Isso aconteceu com “O Código Da Vinci” e tem resultado ainda pior em “Anjos e Demônios”.
Deve ser porque as obras de escritor têm como característica principal o lado fantasioso (ou de “viagem na maionese” mesmo) metido a erudição. O que se torna até agradável quando estamos sozinhos com um livro na mão. Mas vira uma chatice na tela, sendo levadas a sério demais.
No “Código”, pelo menos, havia uma trama até original, na suposta linha genética entre Jesus Cristo e Madalena. Esse aqui parte de algo real. A saber, a trama: o papa é morto e os quatro principais candidatos ao trono são seqüestrados juntos e mantidos reféns. Depois serão sacrificados seguindo rituais ligados aos quatro elementos: terra, ar, fogo e água. O simbologista Robert Langdon (Hanks) ganha uma assistente italiana, Victoria (a israelense Ayelet Zuerer) para desvendar a trama. Mas tudo soa inverossímil demais. (Ronaldo Victoria)

domingo, 17 de maio de 2009

Star Trek

Chris Pine em cena como o novo Capitão Kirk
Foto: Google Image
Não é coisa pouca o que essa nova versão da série conseguiu. Não apenas atualizou a história e o visual (sem trair o espírito antigo, o que os nerds fãs do antigo seriado, conhecidos como “trekkies”, não tolerariam), como deixou o filme interessante até para quem nunca entendeu muito bem o fascínio exercido pelo programa de TV.
O responsável pela façanha foi o diretor J.J.Abrams, homem que tem no currículo a criação de uma série como “Lost”, que de certa forma atualiza esse tipo de culto. Abrams declarou que nunca foi exatamente um fã ardoroso do “Star Trek” original, portanto teve liberdade para criar sem amarras.
O que ele mostra é a gênese da chamada Federação, uma nave em que todos os tipos de seres convivem. O humor do roteiro também aparece nas horas certas e os novos intérpretes do capitão Kirk e do senhor Spock, Chris Pine e Zachary Quinto, são charmosos na medida certa. (Ronaldo Victoria)

sábado, 16 de maio de 2009

No Limite

Rob Brown em cena: velocidade e emoção
Foto: Google Image
É daquelas biografias empolgantes, que a gente assiste com prazer. O tema ajuda: a história de um jovem negro que consegue, contra tudo e contra todos, ser respeitado. Ainda mais que a história se passa nos Estados Unidos no começo dos anos 60, ou seja, época brava do racismo, em que pessoas negras eras humilhadas e até agredidas simplesmente por conta da cor de pele.
É nessa situação que vive Ernie Davis (Rob Brown), apelidado desde o começo da carreira como “The Express”, por causa da sua grande velocidade em campo. Esse é o título original do filme dirigido por Gary Fleder (claro que o nacional é bobo e não faz o menor sentido) e que saiu diretamente para as locadoras.
O único problema é que o esporte de Davis é o futebol americano, que nós achamos, e com razão, insuportável. Tirando isso, o roteiro é interessante e Dennis Quaid está bem como o técnico que o incentiva. Para complicar (ou melhorar, no caso da emoção), no auge da fama Davis descobre ter uma doença grave. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Terra Vermelha

Filme mostra complicada relação entre índios e brancos
Foto: Google Image
As primeiras cenas do filme dirigido por Marco Bechis mostram um barco seguindo por um rio enquanto na margem aparecem índios nus e com a aparência selvagem que esperamos deles, para encanto e deleite dos turistas. Então eles saem, vestem suas roupas e recebem o “cachê” da mulher que queria criar uma “atração”..
Só isso já mostra que o drama, co-produção com a Itália e que concorreu no Festival de Veneza, retrata como os índios no Brasil já não mais são reconhecidos e nem se reconhecem, o que é ainda pior. Rodado no Mato Grosso do Sul, região em que vivem os guarani-caiowás, já totalmente aculturados, tem participação de alguns atores conhecidos no elenco, como Matheus Nachtergaele e Leonardo Medeiros, mas são os próprios índios que vivem seus papéis.
A falta de intimidade deles com a representação faz com o que o filme seja mais interessante como documentário do que drama. Afinal é difícil ficar imune aos dramas daqueles que não resistem ao alcoolismo, e pior, dos adolescentes que preferem o suicídio. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A Passagem

Sarai Givaty: bonita e perigosa
Foto: Google Image
Parece aquele tipo de filme que incentiva o medo do desconhecido e que tentam mostrar que pessoas de países civilizados às vezes se dão mal em locais mais atrasados. Parece... O filme, dirigido por Mark Heller e com roteiro do ator Neil Jackson, um dos intérpretes principais, na pele do boêmio Adam, é um pouco diferente.
Adam vai ao Marrocos com o amigo Luke (Stephen Dorff), que acabou de passar por uma grande perda. Enquanto Adam bebe sem parar e transa com todas as nativas que conhece, Luke tenta fotografar e conhecer o país. É aí que conhece a bela e misteriosa Zahira (a modelo israelense Sarai Givaty).
A moça o convida para um passeio, e o amigo irá encontrar a dupla no dia seguinte. Tudo parece bastante arriscado e o espectador já fica com a pulga atrás da orelha. No final, as suspeitas, claro, se confirmam, e têm a ver com tráfico de órgãos. Só que a última cena surpreende ao mostrar quem está por trás da barbaridade. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Pequeno Traidor

Ido Port e Alfred Molina: bela lição de tolerância
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Baseado em “Pantera no Porão”, livro do grande escritor israelense Amos Óz, o filme dirigido por Lynn Roth é um drama original e emocionante. A história se passa em 1947, em Jerusalém, um ano antes da criação do estado de Israel, quando a cidade era controlada pelos britânicos.
Nesse tempo, judeus e palestinos ainda viviam em razoável harmonia e os soldados ingleses eram considerados os inimigos. O garoto Prof (Ido Port), que parece ser inspirado no próprio autor, faz parte com seus amigos de uma imaginária frente de resistência judaica contra os ingleses.
Os meninos adoram cometer pequenos atentados contra o quartel ou os carros dos britânicos. Acontece que Prof faz amizade com o sargento Dunlop (Alfred Molina) e por causa dessa amizade recebe o rótulo expresso no título do filme. Das conversas com o sargento, há uma profecia. “Quando nós formos embora, pode ser que piore e seus inimigos virem os palestinos.” Uma bela lição de tolerância. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Caos Calmo

Nanni Moretti em cena com a garota Blu DiMartino
Foto: Google Image
O sentimento de perda foi retratado brilhantemente pelo italiano Nanni Moretti em “O Quarto do Filho”, com o qual ganhou a Palma de Ouro em Cannes há sete anos e fez sucesso em todo o mundo. Agora, apenas como roteirista e ator, e sob direção de Antonio Grimaldi, ele fala da mesma sensação, mas sob ângulo diferente, talvez até mais amargo.
Desta vez seu personagem, o executivo Pietro, encara a perda da esposa, que morre numa casa de praia enquanto ele salva uma mulher de morrer afogada. Sem saber o que fazer com a filha pequena, Claudia (Blu DiMartino), ele deixa de lado o trabalho para passar os dias num banco de praça em frente à escola da menina.
A nova condição o faz reavaliar a vida e as pessoas que estavam a sua volta e nas quais não prestava atenção, como o irmão galã, Carlo (Alessandro Gassman), e a cunhada neurótica, Marta (Valeria Golino). Há alguns defeitos, como uma cena de sexo forte e fora do contexto dele com Eleonora (Isabela Ferrari), a mulher a quem salvou. Mas fora isso o filme é brilhante em retratar algo expresso no título: como é difícil manter alguma espécie de calma em meio a esse caos nosso de cada dia. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Baby Love

Lambert Wilson, Pilar Ayala e Pascal Ebbé: trio original
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Vai entender por que no Brasil foi colocado um título em inglês para esta comédia francesa que no original se chama “Comme les Autres”, ou seja, como os outros. O fato é que o filme escrito e dirigido por Vincent Garenq merece ser descoberto pela originalidade, sensibilidade, e por retratar um casal homossexual sem nenhum clichê. Como os outros, reforça o título original.
Apesar de estar com o advogado Philippe (Pascal Ebbé) há muitos anos, o médico Emmanuel (Lambert Wilson) começa a sentir um enorme desejo de ser pai. O parceiro não entende, pois acha a falta de crianças uma vantagem da relação gay. Mas Emmanuel insiste. E descobrimos que na França, como no Brasil, fica praticamente impossível para um casal homossexual adotar uma criança.
Quando o parceiro vai embora, cansado de sua obsessão, o médico descobre a argentina Fina (Pilar Lopes de Ayala), que poderia casar para ficar no país e ser a mãe de aluguel. O final é surpreendente e emocionante. (Ronaldo Victoria)

domingo, 10 de maio de 2009

Quase Irmãos

Will Ferrell e John C. Reilly: paspalhos simpáticos
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Essa comédia não fez sucesso nos cinemas, mas bem que poderia ter alcançado maior sorte. Fala sobre algo que talvez seja mais presente para os americanos: o medo de amadurecer, de encarar as responsabilidades. Até porque eles enfrentam isso antes que a gente, já que aqui caras de 30 anos que ainda moram com os pais não são considerados "aberrações".
O roteiro, de Judd Apatow, tido como o novo mestre da comédia americana, retrata os dois personagens principais, vividos por Will Ferrell e John C. Reilly, não apenas como dois paspalhos (o que no fundo eles são), mas com uma dose de ternura.
Dale (Reilly) e Brennan (Ferrell) precisam aprender a conviver quando o pai de um Robert (Robert Jenkins) se casa com a mãe do outro, Nancy (Marie Steenburgen). Quem embarca no humor meio crianção se diverte. (Ronaldo Victoria)

sábado, 9 de maio de 2009

Nick e Norah

Kat Dennings e Michael Cera: amor e música
Foto: Google Image
O subtítulo, “Uma Noite de Amor e Música”, já mostra que hoje em dia é mesmo pelos sons que ouvem que os jovens se comunicam. E o filme dirigido por Peter Sollet tem a qualidade de falar dessa faixa de idade de maneira original e divertida. Nick (Michael Cera, de “Juno”) ama uma garota que faz dele gato e sapato, e para quem grava CDs que ela joga fora assim que recebe.
Quem os pega no lixo é Norah (Kat Dennings), também considerada na escola uma esquisitona. Além disso, os dois têm em comum a paixão pela mesma banda, que faz apresentações-surpresa por bares de Nova York. Por isso, os dois acabam passando juntos uma noite inteira, ela com uma amiga que se embebeda a todo momento (apelidada de Winehouse) e ele com os amigos de sua banda, todos gays assumidos e nunca retratados de forma caricata.
É uma ótima opção para mostrar que existem comédias destinadas ao público adolescente que não desprezam a inteligência e podem ser curtidas pelos adultos. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A Casa das Coelhinhas

Anna Faris: as loiras burras também amam
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Esta comédia poderia ter o subtítulo “As loiras burras também amam” e a personagem ser considerada uma versão em dólares da Lady Kate de “Zorra Total”. Shelley (Anna Faris, ótima comedidante), a heroína, vive na mansão da Playboy, comandada por aquele velhote mulherengo, Hugh Hefner, que até faz uma ponta.
Um dia, ao completar 27 anos, “o que no mundo das playmates corresponde a 59”, como diz o roteiro, é expulsa com pouca coisa: um carro velho, uma escova de dentes e algumas sainhas apertadas. Vai parar numa república estudantil, onde vivem as garotas mais impopulares da faculdade, e que por isso está ameaçada de fechar.
Com sua lógica fácil e superficial, Shelley transforma as nerds em novas gostosonas do pedaço e elas conseguem o que na lógica universitária americana vale mais que qualquer doutorado: ser populares. O filme até que diverte, com toda sua superficialidade assumida. Se você alugar esperando algo mais profundo, o problema é seu, não dele. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Appaloosa Uma Cidade sem Lei

Viggo Mortensen e Ed Harris: parceiros de aventuras
Foto: Google Image
Depois de comandar o filme em que interpretava o gênio da pintura Jackson Pollock, Ed Harris encara seu segundo desafio na direção. É um filme que resgata um gênero tradicional de tempos em tempos considerado morto: o faroeste. Também autor do roteiro, Harris vive Virgil que, ao lado do parceiro Everett (Viggo Mortensen em bela caracterização como um tipo sombrio e calado), percorre cidades oferecendo serviços de xerife de aluguel.
No caso, Appaloosa precisa, e muito, já que é ameaçada pelo cruel Randall Bragg (Jeremy Irons). Estabelecido no cargo, Virgil acaba se envolvendo com Allison (Renée Zellweger), viúva que aparece de repente na cidade. Ela aparenta ser uma senhora casta, mas tem bem mais fogo do que supõe o xerife, e quase provoca disputa entre os dois amigos.
A história é contada sempre em tom calmo e talentoso, mas o espectador típico de faroestes talvez gostasse de um pouco mais de ação. De qualquer forma, é um programa que não se despreza. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Rebobine, Por Favor

Jack Black e Mos Def: versões bizarras dos filmes
Foto: Google Image

Não é todo mundo que curte comédias absurdas como essa. A história realmente é diferente. Fala sobre uma locadora de fitas VHS (algumas ainda sobrevivem num tempo quase totalmente dominado pelo DVD) numa pequena cidade perto de Nova York. Quem toma conta do local é Mike (o ator e rapper Mos Def), enquanto o dono, Elroy (Danny Glover) viaja.
Um belo dia acontece um acidente bizarro. Jerry (Jack Black), um amigo malucão do atendente, leva um choque de alta tensão. E quando vai à locadora, sua presença faz com que todas as fitas se desmagnetizem e fiquem sem imagens. Vem aí a idéia maluca deles de fazer versões caseiras e supertoscas dos vídeos, como "Os Caça Fantasmas", "Robocop", "Conduzindo Miss Daisy" e muitos outros.
O resultado é que as fitas viram sucesso, tanto que a indústria de cinema começa a perseguir os caras por pirataria. O diretor é Michel Gondry, francês que gosta de filmes fora do comum como "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças". De quebra, há participações especiais de Mia Farrow e Sigourney Weaver. Mas só é indicado para quem é fã de cinema, principalmente dos anos 80. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Segredo do Grão

Hafsia Herzi durante a vibrante cena final
Foto: Google Image

Este filme merece ser descoberto, não apenas por seu lado exótico, mas humano. O diretor, Abdel Kechiche, é tunisiano, e conta uma história ligada aos imigrantes vindos de seu país e de outros do norte da África que sobrevivem na França. Parece uma produção dos tempos do neo-realismo italiano, já que boa parte dos atores não é profissional.
O personagem central é Slimane (Habib Boufares), que troca a vida dura no porto de Marselha, onde trabalhou muito tempo, pela aventura de abrir um restaurante típico. O prato principal é o cuscuz e o grão do título é o de semolina, usado pela culinária africana.
A tentativa de Slimane é difícil, por conta da burocracia e da sua família complicada. A cozinheira é sua primeira mulher, mas ele vive num hotel com a segunda, que tem uma filha, temperamental Rym (Hafzia Herzi). Na noite de inauguração acontecem vários imprevistos, mas o final tem um número de dança do ventre hipnótico com Hafzia. O ritmo é um pouco lento, o que talvez assuste alguns espectadores no começo. Mas compensa esperar para o final arrebatador. Para quem gosta de sair do lugar-comum cinematográfico. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Coração de Tinta

Brendan Fraser: tudo o que ele lê vira real
Foto: Google Image

Lançado em clima de grande evento no Natal do ano passado, essa aventura decepcionou nas salas de cinema, mas pode ganhar nova chance quando for lançada em DVD. Desde que o espectador não espere muita coisa, só um passatempo bem feito e que será esquecido assim que subirem os letreiros finais.
O roteiro é baseado num livro da alemã Cornélia Funke, fenômeno da literatura infantil lançado em 37 países. Porém, quando se assiste ao filme dirigido pelo britânico Iain Softley, até não se entende por que foi tão badalado. O herói é Mo (Brendan Fraser, ator que parece ter se especializado em produções do tipo, como "Viagem ao Centro da Terra"). Ele tem um estranho talento: quando lê um livro em voz alta, os personagens da história passam para a vida real. Porém, há uma contrapartida: uma pessoa é levada para o mundo da ficção.
Foi assim que ele ficou sem a esposa, que sumiu, e tudo é controlado pelo vilão Capricórnio (Andy Serkis, o Gollum de "O Senhor dos Anéis"). O bom elenco conta ainda com Paul Bettany e a oscarizada Helen Mirren ("A Rainha"). Mas o resultado final é morno. (Ronaldo Victoria)

domingo, 3 de maio de 2009

Por Amor

Michelle Pfeiffer e Ashton Kutcher: tristezas suburbanas
Foto: Google Image
Pode ser que seja pelo fato de Ashton Kutcher ser casado com uma estrela bem mais velha que ele (você sabe que ele é marido de Demi Moore, não?). O fato é que no romance de seu personagem neste drama (“Personal Effects”, EUA, 2009), Walter, com o de Michelle Pfeiffer, a quarentona Linda, quase nunca se fala em diferença de idade entre os amantes.
A questão é que os dois vivem tipos totalmente suburbanos e essa diferença seja o que menos importa. Linda trabalha num centro comunitário e organiza casamentos. Walter faz luta livre e fica na frente de um restaurante vestido de frango para chamar a freguesia.
O que os une, além da luta pela vida, é o fato de ter de lidar com a mágoa. Os dois têm parentes assassinados. Ela perdeu o marido e precisa criar sozinha o filho surdo-mudo. Ele não aceita a morte da irmã gêmea, e tenta sobreviver com a mãe, Glória (Kathy Bates). Os atores são bons, apesar de o clima forçar demais na melancolia. (Ronaldo Victoria)

sábado, 2 de maio de 2009

X-Men Origens: Wolverine

Hugh Jackman volta na pele do mais charmoso dos mutantes
Foto: Google Image
Após três edições de “X-Men”, o mais charmoso dos mutantes volta com um filme inteiro para ele. No lançamento da aventura dirigida por Gavin Hood, o astro Hugh Jackman disse que o filme o mostra mais humano. E não é contradição ver humanidade num ser que tem garras feitas de adamantinum, material pra lá de raro.
O filme consegue oferecer o que espectador espera (ação e efeitos especiais em altas doses, e com superprodução), sem deixar de lado a inteligência. O roteiro volta a 1845, mostrando as origens de Logan, ainda um rapaz de nome Jack, que mata um homem sem saber que ele era na verdade seu pai.
Sua trajetória é sempre compartilhada pelo irmão mais velho, Victor (Liev Schreiber), que se torna seu inimigo. Resgatado pelo exército americano, Logan vira arma de guerra. O filme conta sua história completa, sua ligação com os outros mutantes, e termina exatamente quando o professor Xavier resgata os menores, para o início da saga. Diversão de primeira. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Menino do Pijama Listrado

Jack Scanlon e Asa Butterfield: mundos separados
Foto: Google Image
Baseado no livro de John Boyne, o filme dirigido por Mark Herman é bastante fiel à obra literária. Detalha uma questão interessante, e que outras produções recentes, como “O Leitor”, vêm abordando: até que ponto o povo alemão foi culpado pelo holocausto judeu ou uma parte foi apenas envolvida em uma loucura.
O ponto de partida é a inocência infantil. Bruno (Asa Butterfield), o herói da história, é um menino de oito anos que detesta a notícia de que a família terá de se mudar de Berlim para Auschwitz. Ele imagina que é uma fazenda. Ao explorar o local, faz amizade com Shmuel (Jack Scanlon), que vive com o tal pijama, sem imaginar que ele está preso em um campo de concentração.
O pai de Bruno, Hans (David Thewlis), chefe do campo, é mostrado como uma pessoa boa. A mãe, Elsa (Vera Farmiga), ainda mais. O filme envolve e emociona o espectador até o desfecho chocante, mas deixa no ar uma pergunta: será que não era inocência demais do menino? (Ronaldo Victoria)