domingo, 30 de novembro de 2008

Mais do que Você Imagina

Antonio Banderas e Meg Ryan: romance perigoso
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Ô título que funciona contra o próprio filme. A questão é que o roteiro não apresenta nada do que eu, você, ou qualquer pessoa desse mundo já não tenha imaginado. O nome original da fita dirigida por George Gallo é My Mom’s New Boyfriend (EUA, 2008), e se houvesse a tradição literal para O Novo Namorado da Minha Mãe talvez funcionasse mais.
O que chama atenção é o lado engraçadinho, sem maiores novidades. Meg Ryan vive uma mulher que sempre se anulou por causa do filho, rapaz mimado interpretado por Colin Hanks (filho de Tom Hanks, com quem Meg contracenou em dois grandes sucessos, “Sintonia de Amor” e Mensagem para Você”). No começo, a atriz aparece toda rechonchuda, usando aquele recheio de espuma, para dar a impressão de mais ou menos 150 quilos.
Pois bem, quando o filho volta, a mãe está uma quarentona enxuta, com cara e corpo de... Meg Ryan. O problema é que ela arrumou um namorado (Antonio Banderas, cada vez mais canastrão assumido e por isso mais divertido) tão charmoso quanto suspeito.
Ele é um ladrão de artes procurado internacionalmente e, como o filho agora é agente do FBI, precisa desmascarar o cara sem deixar a mãe traumatiza. Está vendo como não é nada de muito diferente do que já se viu? Mas se você relaxar e não esperar “mais do que imagina”, pode se divertir. (Ronaldo Victoria)

sábado, 29 de novembro de 2008

Um Crime Americano

Ellen Page e Catherine Keener: drama angustiante
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Quem achou chocante demais aquele caso da empresária goiana que torturava uma garota em seu apartamento, não deve se arriscar a alugar esse filme. Não que não seja bom. Na verdade, é ótimo. O “problema” (com aspas, claro) é que mergulha com tudo na psicopatia de uma mulher, mãe solteira de seis filhos, que faz de uma garota um saco de pancadas, o objeto em que despeja todas as suas frustrações.
Choca ainda mais saber que tudo aconteceu realmente, e há mais de 40 anos nos Estados Unidos. O título original do filme é o mesmo, An American Crime (EUA, 2007), e é dirigido com toda inspiração por Tommy O’Haver. No papel da psicopata, Gertude, uma grande atriz: Catherine Keener, que está soberba e transmite toda a maldade sem nenhum exagero. Ellen Page, a Juno, é inteiramente frágil no papel da menina que tem o azar de cruzar a vida da fera.
Tudo acontece quando um casal irresponsável, em viagem pelo país, deixa duas filhas para serem cuidadas por Gertrude durante a ausência. A megera logo implica com Silva (Ellen), que age passivamente. A violência vai crescendo até o limite do suportável, e toda num ponto crítico: como as crianças também são cruéis. Amarrada num porão, Silvia é agredida dia e noite, principalmente por um filho de Gertrude, com oito anos. A história é alternada com cenas do julgamento. No final a gente sabe o que aconteceu com os criminosos (e não apenas Gertude). E dá um alívio! (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A Ilha da Imaginação

Jodie Foster e Abigail Breslin: relação quase de mãe e filha
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É curioso ver Jodie Foster, atriz de personagens tão intensos e dramáticos em "O Silêncio dos Inocentes" e "O Quarto do Pânico", num papel cômico. À primeira vista, fica até estranho e a gente demora um pouco a se acostumar com "A Ilha da Imaginação" (Nim’s Island, EUA, 2008), dirigido pela dupla estreante Jennifer Flackett e Mark Levin.
Logo, porém, fica-se à vontade, porque a história é bem legal. Jodie assumiu em entrevistas que só aceitou o convite para que os filhos pudessem vê-la na tela —— sim, ela é casada com uma mulher e cria dois filhos com a companheira, que problema há nisso? —, já que sempre fez filmes adultos.
No roteiro, ela é Alexandra Rover, escritora neurótica que sofre de agorafobia, ou seja, não consegue sair de casa. Ela cria uma série de livros com um aventureiro com o nome de Alex Rover. Um dia, fazendo pesquisa para um livro, manda um e-mail para um aventureiro da vida real, Jack (Gerard Butler, o galã de "300") e assina Alex Rover.
Quem responde é a filha dele, Nim (a gracinha Abigail Breslin, de "Pequena Miss Sunshine"), que acha estar falando com o verdadeiro herói da literatura. Entre as duas nasce uma relação forte, quase de mãe e filha. Bacana também é a união das duas: Abigail é hoje o que Jodie, uma das poucas atrizes mirins que vingou, foi no passado. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian

Os quatro irmãos e o príncipe (ao centro): aventura mais sombria
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Três anos depois da primeira aventura (O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa), os quatro irmãos britânicos órfãos voltam no segundo capítulo da série Crônicas de Narnia, baseada no livro de C. S. Lewis, que aterrissa agora nas locadoras.
Novamente dirigido por Andrew Adamson, o filme desta vez mostra o quarteto —— Pedro (William Moseley), Susana (Anna Popplewel), Edmundo (Skandar Keynes) e Lucia (Georgie Henley —— encarando uma aventura ainda mais perigosa. Apenas um ano se passou, mas o tempo no reino de fantasia de Nárnia tem um ritmo diferente.
Ou seja, foi muito mais rápido e cruel. Muita coisa aconteceu: a terra está arrasada e os narnianos foram dominados pelos telmarinos. Eles precisam ajudar o príncipe Caspian (Ben Barnes), herdeiro legítimo do trono, a lutar contra o tio tirano que tomou seu lugar. O roteiro está bem mais sombrio, mas isso não deve afetar as crianças. O que conta é a mensagem de união. E, para melhorar, os efeitos especiais são de primeira linha. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Hancock

Will Smith: poderoso em ação
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Se Hollywood decidir produzir um filme baseado na vida de Barack Obama (o que, aliás, é bastante provável), eu apostaria todas as minhas fichas que o escolhido para fazer o papel principal seria Will Smith. Em termos cinematográficos, Smith, mal comparando, é bastante parecido com Obama: o cara que chegou no topo. E neste filme, dirigido por Peter Berg, ele interpreta um herói.
Não é um herói como outro qualquer, aí é que está a graça. Hancock, ao contrário de outros salvadores da humanidade, vive sendo criticado pela população que não tolera seus modos toscos de agir. Ou seja, para salvar alguém, ele provoca uma confusão dos diabos, o que vira 1 a 1 no placar.
Um belo dia, ele salva Ray (Jason Bateman), um relações-públicas que tem a excelente idéia de mudar a imagem do herói. O problema é que a mulher dele, Mary (Charlize Theron), não gosta nada da idéia. O começo funciona muito bem, é bastante engraçado, mas quando se explica a ligação de Hancock com Mary, fica uma coisa meio forçada. Mas não deve atrapalhar o prazer de ver a fita, que funciona bem na tela pequena. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fim dos Tempos

Mark Wahlberg em fuga: o mal vem pelo ar
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O maior problema do cineasta M. Night Shyamalan, indiano naturalizado americano, é o seguinte: o cara começou sua carreira em Hollywood no máximo. Sim, porque depois de “O Sexto Sentido” (1999), um dos maiores sucessos recentes do cinema e que revolucionou a linguagem do suspense (até virou praga a mania do “final surpresa”), o que mais se pode esperar do cara?
Tanto que a maioria da crítica disse que com esse filme aqui (The Happening, EUA, 2008), que chegou há pouco às locadores, Shyamalan chegou ao fundo do poço. Será? Questão de gosto, mas em relação ao bobo “A Dama na Água”, o anterior, até que foi uma evolução.
De qualquer maneira, não chega perto de “O Sexto Sentido” por que fenômenos não se repetem. “O Fim dos Tempos” começa muito bem, com cenas de forte impacto que deixam o espectador nervoso. Uma garota arranca o lápis do coque e espeta no pescoço, um operário pula da obra de um prédio. Enquanto isso, um professor, vivido por Mark Wahlberg, fala sobre várias “teorias da conspiração” em classe com os alunos.
É esse personagem que vira o chefe da fuga de um misterioso acontecimento (the happening, o título original) que se espalha pelo ar. O problema maior é que Shyamalan não “amarra” a história no final. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Os Estranhos

Scott Speedman e um assassino mascarado
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Parece implicância com os filmes de terror adolescentes, mas não é. Enquanto esse tipo de produção esbanja sangue e cabeças estourando, outros filmes de terror, digamos, mais adultos, não usam nada disso. Criam clima de terror. O que dá muito efeito e faz o espectador sentir muito mais medo.
É o que acontece com “Os Estranhos” (The Strangers, EUA, 2008), dirigido por Bryan Bertino, em cartaz no Shopping Piracicaba. No começo os letreiros contam que um casal de namorados saiu de uma festa de casamento e foi para uma casa, onde aconteceram “coisas”. Nada mais se diz. Depois, vemos Kristen (Liv Tyler) e Jack (Scott Speedman) num clima pesado. Durante a tal festa, ele a pediu em casamento e ela parece não ter topado.
Nada é muito explicado, o que reforça o clima de suspense. De repente, alguém bate à porta. É uma garota procurando uma tal de Tamara. Eles acham um pouco esquisito, claro, afinal, é madrugada. Mas, mesmo assim, Jack sai para comprar cigarros e deixa Kristen sozinha.
Aí é que começa o pesadelo. Os algozes (sabemos que são três adolescentes, duas meninas e um menino) usam máscaras e não têm o menor motivo para fazer o que fazem. Sabemos que uma chacina vai acontecer, os personagens não imaginam mas acompanhá-los até o pavor inevitável, dá uma angústia danada.
Enxuto, curto, sem nenhum tipo de enrolação e uma dose necessária de talento, “Os Estranhos” é uma boa surpresa. (Ronaldo Victoria)

domingo, 23 de novembro de 2008

Um Amor de Tesouro

Kate e Matthew em ação: bonitos, solares e superficiais
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Existem filmes que permanecem na nossa memória durante algum tempo. De outros a gente esquece assim que acaba a projeção. É o caso dessa comédia romântica, cujo título original é ”Fool´s Gold” (EUA, 2007), dirigida por Andy Tennant. Pensei nisso porque, como assisti no cinema, há alguns meses, e já foi lançado em DVD há algum tempo, tinha dificuldade em fazer um comentário, exatamente porque não me lembrava muito bem do roteiro. Precisei pesquisar na internet para poder relembrar do que se tratava.
A história é a seguinte: Finn (Matthew McConauguey) recebe o pedido de divórcio da esposa (Kate Hudson) por causa da sua obsessão em recuperar tesouros submersos, o que faz com o que casamento literalmente afunde. Ele encasquetou em recuperar uma fortuna que estaria num galeão espanhol, que naufragou no século 18 com o dote de uma princesinha espanhola que viria se casar na América.
Na confusão, envolve até um milionário (vivido por Donald Sutherland, sempre um bom ator) dono do navio onde Kate trabalha, e sua filha tão bacana quanto burra, certamente inspirada em Paris Hilton e outras patricinhas avoadas.
O casal central, que já havia dado certo em “Como Perder um Homem em Dez Dias”, funciona bem outra vez. É uma fita solar, leve, com belas paisagens. Só diversão rápida. Enfim, para quem não espera nada mais além disso, pode ser uma dica perfeita. (Ronaldo Victoria)

sábado, 22 de novembro de 2008

O Olho do Mal

Jessica Alba em cenas de terror traduzido
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Este é mais um clássico da “séria série” Americanos Odeiam Legenda. A gente sabe que, por falarem a língua-mãe, eles não gostam (ou têm preguiça) de assistir a filmes estrangeiros. Sendo assim, por que não traduzir fitas de sucesso?, pensam os grandes estúdios de Hollywood. É o que fez a Paramount com “O Olho do Mal” (The Eye, EUA, 2008), dirigido por David Moreau e Xavier Palud.
Os dois cineastas franceses substituem outra dupla, os irmãos chineses Pang, Oxide e Dany, que invertendo a mão de direção, foram exportados para Hollywood onde fazem atualmente filmes de ação. A produção original se chamava “Gin Gwai”, traduzida como “O Olho” e tinha um interessante clima de terror.
A questão é que tudo foi traduzido de forma literal. Os dois diretores novatos não fizeram o menor esforço em criar um clima diferente. A história fala sobre Sidney (Jessica Alba), musicista que é cega desde a infância devido a um desastre. Submetida a uma cirurgia, ela recupera a visão, mas passa a ter uma seqüela terrível: parece que seus olhos ainda retém imagens fixadas pela doadora.
Transplantar (igual a uma cirurgia de doação de córnea) uma realidade tipicamente oriental para um contexto ocidental, sem o menor cuidado e por pura preguiça, é perda de tempo. Para complicar, Jessica Alba paga mico com um personagem inconsistente, assim como todos os outros atores. Quer um conselho? Alugue o filme original. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

007 Quantum of Solace

Daniel Craig: brucutu chato e sem um pingo de charme
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Não há dúvida de que a série com James Bond conseguiu se renovar, o que se deve a Daniel Craig. Vivido por ele, Bond, como se mostra em "007 Quantum of Solace" (Inglaterra, 2008), de Marc Foster, é o que se espera de um espião de hoje: violento, quase feroz, sem tempo para charme ou aquelas cenas engraçadinhas que havia no tempo de Pierce Brosnan ou Sean Connery (esse sim o Bond eterno).
Sobrevivente nessa era em que se exige competência acima da paixão, em que se demonstra muito mais raiva do que charme, Bond não dá pausa nem para se apresentar —— "my name is Bond, James Bond", lembra? —— nem de usar aqueles acessórios malucos, muito menos de dirigir o Aston Martin.
Do começo ao fim, o que contam são as cenas de ação e as lutas. Bond mata sem parar, a ponto de M (Judi Dench) pedir que deixe pelo menos uma testemunha viva. E o roteiro? Complicadoooo! Tem a ver com um milionário maluco, supostamente ecológico, mas que se alia a ditadores em seus planos sinistros Tem uma hora que a gente se pergunta: virei burro, 'num tô entendeendo' mais nem filme de 007! A bond girl, a ucraniana Olga Kurylenko, também não ajuda como atriz, e poderia ter disfarçado aquele descascado feio nas costas.
Enfim, vida longa a Bond, esse brucutu moderno, esse Rambo de smoking. Tomara que continue ganhando milhões nas bilheterias. Mas eu me reservo ao direito de não dar mais um tostão para esse chato e nunca mais passar por esse tormento! Arghhhhhh!!! (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Uma História de Amor

Mandy Moore e Billy Crudup: universos opostos
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Sabe aquelas comédias românticas de estilo água-com-açúcar, que no final deixam a mensagem de que “o amor é lindo”? Pois é, não é o caso desse filme aqui. O título brasileiro pode levar a pensar que sim, mas é bem diferente. No original se chama Dedication (EUA, 2007) e se trata da primeira direção de Justin Theroux, ator que trabalha em vários filmes de David Lynch, como “Cidade dos Sonhos”. E o roteiro, mais que de amor, fala de obsessões.
O personagem principal é Henry (Billy Crudup), um escritor de livros infantis tão amargo que usa como lema de vida a seguinte frase: “A vida nada mais é que uma explosão ocasional de risos sobre um interminável lamento de dor”. Sentiu o clima pesado? O cara é tão deprê que suas obras refletem isso, já que ele adora dizer para as crianças que Papai Noel não existe.
Para complicar, o melhor amigo dele, e ilustrador de suas obras, Rudy (Tom Wilkinson), com quem se entendia as mil maravilhas, morre de repente. A editora, para ajudar, o apresenta a outra profissional, a linda e jovem Lucy (Mandy Moore), que além de tudo, é doce e positiva.
O filme até que tem toques de originalidade, mas se percebem duas coisas. Primeira, a de que recorre a vários clichês da comédia romântica, como o do casal que se odeia à primeira vista. E depois, parece ter receio de emocionar para não ser careta. O resultado é que fica frio. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Orfanato

Belén Rueda em frente ao cenário de pesadelo
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Filme de terror, a gente sabe, hoje em dia virou uma diversão adolescente. A garotada adora produções do tipo (e “Jogos Mortais”, que está na quinta versão e não parece parar por aí, é o melhor exemplo). As fitas abusam da sangreira, de cenas malucas, e provocam em muitos casos mais riso do que medo. Por que? Porque parecem distantes demais da realidade. Afinal, ninguém, a não ser que seja muito louco, acredita que um pirado vai lhe seqüestar, levar inconsciente num banheiro e dar uma serra para você amputar o próprio pé.
Por isso que produções como “O Orfanato” (El Orfanato, México, Espanha, 2007), dirigida pelo espanhol Juan Antonio Bayona e produzida pelo mexicano Guillermo Del Toro (de “O Labirinto do Fauno”) são diferentes. Porque os sustos e o incômodo vêm de que aquilo pode acontecer.
Tudo é centrado em Laura (Belén Rueda), que adota um garoto, Simon, que é órfão e HIV positivo, mas não sabe disso. Interessada em abrir um local que sirva de abrigo para crianças abandonadas, Laura vai com o menino para o casarão onde viveu a infância. É lá que descobre que existem fantasmas bem reais. O filme deixa o espectador tenso, mas a resolução do mistério não é tão difícil assim, nem faz cair o queixo, o que tornou “Os Outros”, filme de clima parecido, muito mais famoso. Mas vale ser alugada. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Lembranças de uma Vida

Danny Huston (ao centro) interpreta um homem marcante
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Esqueça o título nacional, que não diz absolutamente nada. Lembranças de uma vida? Que vida, por menor que seja, não tem lembranças? E lembranças de uma morte só mesmo em vidas passadas, o que não acontece. É culpa dessa mania das distribuidoras nacionais de traduzirem os títulos da forma mais insossa possível. No original é Alpha Male (Inglaterra, 2006), com direção de Dan Wilde.
E por que macho alfa? Diz a psicologia que podem usar esse título aqueles homens bem-sucedidos, que fazem da vida uma sucessão de êxitos, e se tornam marcantes para as pessoas que conviveram com eles. Traduzindo para o humano, seria como aqueles animais chefes da manada.
É bem assim Jim Ferris (Danny Huston), casado com Alice (Jennifer Ehle) e pai de Elyssa (Amelia Warner) e Jack (Mark Wells). O problema é que ele morre cedo. Problema para ele, claro, e muito pior para os que ficam. A viúva tenta se casar de novo, mas o menino não aceita outro homem substituindo o pai. Pior ainda, a garota surta e precisa ser internada.
Em meio a muito ressentimento, se descobre que Jim não era tão santo assim e há um segredo que a cunhada Brede (Trudi Styler, mulher de Sting e produtora do filme) se encarrega de revelar. O resultado é interessante para quem não se intimida com dramas pesados. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Agente 86

Steve Carell usa o sapato-fone em cena
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Quando foi anunciada a adaptação para as telas da série cômica que virou cult, muita gente ficou com a pulga atrás da orelha. Afinal, a nova versão de "A Pantera Cor-de-Rosa", por exemplo, apesar do talento cômico de Steve Martin, ficou parecendo bem menos autêntica, com um certo toque cínico onde antes era ingenuidade.
Porém, todos os receios ficaram para trás. A nova adaptação, dirigida por Peter Segal, mantém o charme original. Na verdade, os elogios devem ser dirigidos menos ao diretor (especialista em dirigir comédias com Adam Sandler, como "Tratamento de Choque" e "Como se fosse a primeira vez") do que ao elenco, que veste a pele dos personagens com perfeição.
Em especial Steve Carell, o novo 86, que tem um jeito sutil de ser engraçado e se mostrou a melhor escolha. Anne Hathaway como a 99 se mostra a parceira ideal. Dwayne Johnson, o The Rock, está bem satirizando ele mesmo. A cena de beijo na boca por acaso entre ele e Carrel é ótima. E Alan Arkin dá autoridade ao Chefe.
A trama é simples, como os agentes do Controle lutando contra a sinistra Caos. O Agente 86 é aquele paspalho que, mesmo fazendo tudo errado, sempre se dá bem. E para matar a saudade dos nostálgicos da série, ele usa em cena suas armas secretas: o sapato-fone e o cone do silêncio. (Ronaldo Victoria)

domingo, 16 de novembro de 2008

Uma Mãe para o meu Bebê

Tina Fey e Amy Poehler: a maternidade é uma comédia
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Sabe quem é Tina Fey? Ela é hoje um nome em alta nos Estados Unidos. Escreveu comédias como “Meninas Malvadas”, com base em seus tempos duros na escola, é redatora do programa de humor “Saturday Night Live” e da sitcom “30 Rock”. Mas, principalmente, era considerada sósia da candidata a vice-presidente republicana Sarah Palin, a quem imitava com perfeição.
Agora que a “pit Bull de batom”, ainda bem, voltou para o Alasca, está na hora de conhecer melhor Tina Fey. E essa comédia, “Uma Mãe para Meu Bebê” (Baby Mama, EUA, 2008), dirigida por Michael McCullers, é uma ótima oportunidade.
Tina vive Kate, executiva estressada e sem sorte no amor, que nunca conseguiu engravidar. Depois de tentar tudo, mesmo solteira, resolve apelar para o método da barriga de aluguel. Aí entra na sua vida a doadora, Angie (Amy Poehler), criatura rude, semi-analfabeta, malandra, politicamente incorreta... e mentirosa.
Sim, porque ela passa a morar na casa de Kate mas esconde que a fertilização não deu certo. Até descobrir, durante exame de ultra-som, que está grávida sim, mas do namorado cafajeste. E agora? Até chegar ao final feliz, as risadas estão garantidas. Há participações bacanas de Sigourney Weaver como a “corretora de barrigas” e de Steve Martin, hilário como o chefe de Kate, de rabo-de-cavalo e tudo. (Ronaldo Victoria)

sábado, 15 de novembro de 2008

Pecados Inocentes

Juliane Moore: sem medo de cenas chocantes
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Imagine só a cena: o filho, Tom (Eddie Redmayne), está sentado num sofá, quando a mãe, Barbara (Juliane Moore), bêbada, começa a provocá-lo. Alisa as suas pernas até abrir a braguilha. Senta no colo do rapaz até que a relação sexual aconteça. A mãe ainda pergunta se o filho gozou, e o ajuda com masturbação.
Achou chocante a descrição? Assistir a essa cena de "Pecados Inocentes" (Savage Grace, EUA, 2007), sem dúvida, incomoda muito mais. Faz a gente rever até que ponto somos realmente liberais. A forma como o diretor, Tom Kalin, explicita esse tema tão tabu —— o incesto —— parece ter sido feita realmente para chocar. Quem sabe se fosse realizada de forma menos explícita? Ao mesmo tempo, fica a pergunta: como falar de incesto sem ser chocante?
A seu favor, Kalin tem a argumentação de que o roteiro do filme é baseado numa história real, a da socialite Barbara Dale Baekeland e seu filho Tom. Desde que o menino nasce, as sombras da psicopatia já apareciam, tanto que o marido, Brooks (Stephen Dillane), logo cai fora dessa relação doentia.
Sozinhos, os dois se agarram um ao outro. Dividem vícios, amantes (vão para a cama juntos com o mesmo rapaz), neuroses e o medo do futuro. Até que a sombra da morte aparece. Os letreiros finais contam que a loucura não terminou e coisas ainda piores aconteceram. Indicado apenas para quem não se choca facilmente. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sem Medo de Morrer

Uma Thurman: suspense com final inesperado
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Não deve ter sido fácil para Uma Thurman interpretar a Diana adulta de "Sem Medo de Morrer" (The Life Before her Eyes, EUA, 2007), dirigido pelo ucraniano Vadim Perelman. Afinal, a personagem, o espectador desconfia lá pelo meio do filme, não passa de uma projeção. Opa, será que contei o final da história? Contar não, mas acho que dei uma preciosa dica.
Afinal, o suspense pertence àquele estilo de produção que virou moda: as que contam com final inesperado. O roteiro começa mostrando Diana jovem, vivida por Evan Rachel Wood (que começou em "Aos Treze" e era namorada do roqueiro Marylin Manson), e seus problemas na escola.
Atrevida para a idade, Diana transa com um cara mais velho e tem conflitos em casa. Sua melhor amiga, Maureen (Eva Amurri, filha de Susan Sarandon), mesmo sendo totalmente diferente, é seu porto seguro. A história vai sendo contada em paralelo com os dilemas da Diana adulta, vivida por Uma, e suas dificuldades com o marido.
O ponto crucial acontece quando a escola das garotas vira praça de guerra. Um aluno perturbado entra de metralhadora em punho, matando todo mundo. Encontra Diana e Maureen juntas no banheiro e diz que vai matar só uma delas. E aí, quem ele mata? Será que você consegue adivinhar? (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Insanatório

Jesse Metcalfe e Kiele Sanchez: sangria desatada
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Há dois tipos de filme interessante: os muito bons... e os muito ruins. Melhor que os que se acham importantes (pretensão é uma lástima!) são aqueles que erram do começo ao fim. Neste sentido, "Insanatório" (Insanitarium, EUA, 2008), dirigido por Jeff Buhler, é ótima dica.
O filme é tão ruim, mas tão ruim, que fica ótimo. Vamos explicar melhor: apesar de teoricamente ser uma produção de terror, é tão mal feito, o roteiro tem tantos absurdos, que se transforma em comédia. A história já começa estranha. Jack (Jesse Metcalfe, galã da série "Desperate Housewives") descobre que a irmã, Lily (Kiele Sanchez),teve uma crise paranóica, tentou se matar e foi internada num manicômio.
Ele desconfia que a garota não está sendo bem cuidada e, sabe-se lá por que, decide simular que está batendo pino para ser trancafiado no mesmo lugar. É o que poderia se chamar de idéia de jerico louco. Aterrissando no hospício, percebe que o lugar é barra pesada mesmo.
O diretor, Gianetti (Peter Stormare), usa os pacientes como cobaias para uma droga que provoca canibalismo. Aí a sangria desatada toma conta. Mas Metcalfe, mesmo em cenas cheias de extrato de tomate (sangue "fake") está sempre com a maquiagem em ordem. Só Stormare, ator tarimbado, parece não levar a sério e se divertir com a podreira. Como diz a moçada: muito trash! (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Anjo de Pedra

Duas Ellens em ação - a Page e a Burstyn - em filme comovente
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Logo nas primeiras cenas, Hagar (Ellen Burstyn) protesta, no banco de trás do carro do filho, Marvin (Dylan Baker), que a pretende deixar num asilo. Protesta e foge. "Anjo de Pedra" (Stone Angel, Canadá, 2007), dirigido por Kari Skogland, desde o começo mostra que quer contar a história de uma mulher corajosa, fora dos padrões.
O título se deve não apenas à mistura de inocência e força da personagem principal, interpretada na velhice com enorme talento pela grande Ellen Burstyn e na juventude por Christine Horne. Também faz referência à estátua que fica no túmulo da família, da qual Hagar cuida com desvelo. Curioso o apego a algo que lembra a morte em uma pessoa tão cheia de vida.
Hagar desafia os costumes da pequena cidade em que vive por não se manter virgem (transa com o primeiro namorado, sem a menor preocupação) e por ter um romance sensual com Bram (Cole Hauser), fazendeiro mal visto pela comunidade.
Nem uma mãe comum ela se torna. Além de Marvin, tem John (Kevin Zeggers), que tem romance difícil com Arlene (Ellen Page, aqui pouco antes de estourar em "Juno"). A história comove e provoca reflexões. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Meu Nome é Taylor

Owen Wilson em cena com seus "protegidos"
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É curioso como alguns fatos que nada têm a ver com cinema podem ser usados para explicar o fracasso de um filme. É o caso desta comédia —— título original Drillbit Taylor, EUA, 2008, dirigida por Steven Brill. Foi um fiasco nos Estados Unidos e por aqui terminou exibida em poucas salas. Nem mesmo em DVD parece ter conseguido grande repercussão.
Dizem que foi por conta de uma infeliz coincidência, já que o astro, Owen Wilson, tinha acabado de ter seu nome envolvido com uma suposta tentativa de suícidio. Será que foi só por isso mesmo que fracassou? O fato é que a comédia é bem fraquinha e não tira grandes risadas.
Parece uma refilmagem de outra comédia, esta famosa nos anos 80, "Cuidado com meu Guarda-Costas", e que vive sendo reprisada na Sessão da Tarde. Conta a história de três garotos que vivem sendo atormentados por um valentão na escola. Então decidem contratar um fortão para que os defenda.
O roteiro não evita os clichês, pois quando o malandro tenta se redimir por ter enganado os moleques, a história desanda para a pieguice. É pena, pois o produtor, Judd Apatow, e o roteirista, o também ator Seth Rogen, vinham de uma série de sucessos. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Garotos Perdidos - A Tribo

Corey Feldman: mesmo papel 21 anos depois
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Tem horas que dá uma saudade dos anos 80! Essa nostalgia dos tempos do Atari, do Pac Man, da saia balonê, do pogobol (quem não souber do que se trata, pesquise no Google) e dos filmes mais ingênuos ataca quando se assiste a algo como "Garotos Perdidos - A Tribo" (Lost Boys - The Tribe, EUA, 2008), dirigido por P. J. Pesce.
É continuação de "Garotos Perdidos", filmada em 1987 sob direção de Joel Schumacher. Fez enorme sucesso junto ao público jovem, por causa da mistura de comédia com terror. Contava a história de uma divorciada que ia com os dois filhos morar numa cidade praiana.
Chegando lá, o mais velho se envolvia com uma gangue barra-pesada, que o caçula descobria ser composta por vampiros. Agora, o que havia de comédia desapareceu. Mais uma vez o roteiro se passa no litoral, mas desta vez os vampiros são bem mais adultos e perigosos.
O humor foi substituído por cenas cheias de sangue e outras com sexo pesado. Nada contra, mas também desapareceu qualquer rastro de originalidade ou de inteligência. As únicas coisas em comum com o original é que o vampiro sedutor agora é feito por Angus Sutherland, meio-irmão de Kiefer Sutherland (o Jack Bauer de "24 Horas"), o vilão da primeira versão. E o sumido Corey Feldman retorna fazendo o mesmo papel, o caça-vampiros Edgar Frog. (Ronaldo Victoria)

domingo, 9 de novembro de 2008

Traídos pelo Destino

Joaquin Phoenix vive pai com sede de vingança
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Nesta semana, Joaquin Phoenix anunciou que vai abandonar a carreira de ator e dedicar-se apenas à música. Não deve ter sido por causa de decepção com esse filme. Está certo que Phoenix já teve pontos bem mais altos em sua carreira, como em “Gladiador” e “Johnny e June”, mas este filme também não chega a comprometer.
O problema de “Traídos pelo Destino” (Reservation Road, EUA, 2008), dirigido por Terry George, é o peso. Ou seja, começa bem, mas vai ficando com clima cada vez mais sufocante. Dizendo de forma mais clara: dramalhão. Não dá para disfarçar que o filme vira um drama de tintas carregadas. E quem gosta disso, vai se fartar.
Tudo começa como um dia perfeito. De um lado, o casal Ethan (Phoenix) e Grace (Jennifer Connelly) assiste a um concerto infantil onde brilha o filho Josh (Sean Curley). Eles também têm uma filha, Emma (Ellen Fanning). De outro lado, o advogado divorciado Dwight (Mark Ruffalo) e o filho Lucas (Eddie Alderson) assistem a um jogo de beisebol.
Os caminhos das duas famílias se cruzam num posto de gasolina. Josh se afasta um pouco, fica perto da estrada e é atropelado pela caminhonete de Dwight, um tanto “calibrado” pelas cervejas. O menino morre e a tragédia se instala. Enquanto a mãe tenta se reerguer, o pai afunda na depressão e na paranóia. Contrata uma firma de advocacia e adivinhem quem é escalado para encontrar o criminoso? Sim, o próprio advogado que o atropelou. Não falei que era dramalhão? (Ronaldo Victoria)

sábado, 8 de novembro de 2008

2 Dias em Paris

Julie Delpy e Adam Goldberg: ataques de ciúme
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Teve uma época em que se usava muito o seguinte ditado, com o qual, aliás, eu nunca concordei: “Melhor do que ser feliz por aqui é ser infeliz em Paris”. Será? Ser ansioso, encanado, neurótico, na Cidade Luz, é barra. Que o diga o americano Jack (Adam Goldberg), personagem de “2 Dias em Paris” (2 Days in Paris, EUA/França, 2007), dirigido por Julie Delpy.
A linda e loira Julie, que atuou em “Antes do Amanhecer” e “Antes do Pôr-doSol”, também é a roteirista e faz o papel da fotógrafa francesa Marion. Tudo acontece quando ela e o namorado americano, que adoram viajar, passam os dois dias expressos no título na cidade em que a moça nasceu.
Aí é que acontecem as grandes encanações de Jack, que fica cada vez mais inseguro ao conhecer os ex-namorados da amada. O problema é que eles são muitos. Jack, que se apaixonou por Marion durante as viagens, sabia que ela teve uma vida amorosa agitada. Como quase todo homem, entende muito bem quando isso é teórico, mas passa por crises quando vê as questões na real.
Outro ponto bacana levantado pelo filme são as diferenças culturais entre franceses e americanos. As melhores frases são ditas pelo pai de Marion, vivido por Albert Delpy, pai de Julie na vida real. O resultado é bastante agradável. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Em Pé de Guerra

Billy Bob Thornton traumatizando os alunos de educação física
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Quase todo mundo tem guardado na memória um trauma escolar: um professor tirano ou uma professora chata que atormentaram nossas vidas e fizeram com que a gente se sentisse a última das criaturas. Mas amadurecer é dar a volta por cima nesse tipo de ressentimento. Ou não?
No caso de John Farley (Seann William Scott), o protagonista da comédia "Em Pé de Guerra" (Mr. Woodcock, EUA, 2007), esse fantasma está meio congelado em sua vida. Na verdade é um fantasmão. Na infância, quando era um garoto gordinho e inseguro, John foi espezinhado por um professor de educação física linha-dura, Jasper Woodcock (Billy Bob Thornton), que o chamava de lesma para baixo durante as aulas.
Ele usou um pouco essas lembranças para escrever livros de auto-ajuda, tão "profundos" como um pires, e com os quais ganha muito dinheiro. Porém, quando volta para a cidade em que nasceu visitar a mãe, Beverly (Susan Sarandon), descobre que ela está de casamento marcado com quem? Adivinhou! Com ele mesmo, o professor carrasco.
O mundo de John, que já era meio frágil, cai depois disso. A comédia provoca boas risadas com a situação, mas tem como mérito não julgar os personagens. Será que Mister Woodcock foi tão vilão assim? Ou John, com 30 anos nas costas, na verdade ainda é um adolescente reclamão? (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Enterrem meu Coração na Curva do Rio

August Schellenberg na pele do chefe Touro Sentado
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Lançado em 1970, o livro com o mesmo título, escrito pelo pesquisador americano Dee Brown foi um fenômeno na época e começou a levantar a discussão a respeito dos povos indígenas. Naqueles anos em que John Wayne era astro dos western, índio era sempre vilão que mocinho matava com tirambaços.
Brown começou a discutir isso, centrando a história nos anos de 1860 a 1890, quando o governo americano conseguiu o que queria: avançar sobre os territórios indígenas e deixá-los com terras restritas. "Enterrem meu Coração na Curva do Rio" (Bury my Heart in the wounded Knee, EUA, 2008), dirigido por Yves Simoneau, demorou tanto para ser filmado que dava impressão de ser remake de uma produção realizada naqueles tempos.
Não é. Na verdade se trata de uma produção da HBO, feita com todo capricho e que merece ser descoberta. Talvez tanto tempo se deva à complexidade do tema. A história começa retratando a vitória dos índios sioux sobre as tropas do famoso general Custer.
Depois se foca em três personagens: Charles Eastman (Adam Beach), jovem sioux que conseguiu se formar em medicina); o lendário chefe Touro Sentado (August Schellenberg), e o senador Henry Dawes (Aidan Quinn), que tenta negociar a questão dos dois lados. O filme consegue ser ao mesmo tempo sóbrio e empolgante. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

As Crônicas de Spiderwick

Freddie Highmore: menino xereta encontra livro mágico
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Este é o tipo de filme que pode ser recomendado tanto para crianças quanto para os pais. Aqueles que alugarem o DVD para seus baixinhos, não vão reclamar de ter de assistir juntos. Não é um mico, como o que acontece com aquele paizão obrigado a ver o filme da Barbie junto com a filhota.
Aliás, "As Crônicas de Spiderwick" (The Spiderwick Chronicles, EUA, 2008), dirigido por Mark Waters, tem um roteiro em que a família é a base. Tudo acontece quando Helen (Mary-Louise Parker), após um divórcio doloroso, vai morar numa casa caindo aos pedaços, única herança familiar, junto com os três filhos: Mallory (Sarah Bolger) e os gêmeos Jared e Simon, ambos interpretados por Freddie Highmore, o ator infantil do momento, que também atuou em "A Bússola de Ouro" e "O Som do Coração".
Os dois meninos são como água e vinho. Simon é tímido, enquanto Jared é rebelde e respondão. E também xereta, tanto que, ao fuçar no casarão, descobre um livro antigo (e mágico), resultado das pesquisas de seu antepassado, um tataravô que nas horas vagas também era cientista maluco. O personagem é vivido aos 40 anos por David Strathairn.
Quando o livro é aberto, surgem criaturas perigosas, até que eles precisam encontrar a tia-avó Lucinda (Joan Plowright), que tem a chave do enigma. Os efeitos especiais são de primeira e as criaturas chamam a atenção. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Clube da Comédia

Vince Vaughn em cena: 30 shows em 30 cidades
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Para quem não via a menor graça em show de humor e achava os adeptos de um estilo importado dos americanos (a stand up comedy) meras versões moderninhas do Ary Toledo – sim, o chato sou eu! --, locar esse filme é algo arriscado. Afinal, “Clube da Comédia” (Wild West Comedy, EUA, 2007), dirigido por Ari Sandel, é todo baseado nessa tradição americana, a do comediante sozinho no palco com um microfone.
Surpresa! E não é que o filme é bom? Mas por que mistura a comédia com documentário. Narra a idéia do ator Vince Vaughn (de “Penetras Bons de Bico” e “Separados pelo Casamento”) de fazer algo inédito em setembro de 2005: durante 30 dias ele e uma equipe percorreriam os Estados Unidos de costa a costa se apresentando em teatros com shows de humor, em uma cidade a cada dia.
De quebra, Vaughn escolheu quatro rapazes que procuravam uma chance na carreira. John Caparulo é um gordinho que ao fim admite que suas piadas machistas se devem ao fato de ser carente. Ahmed Ahmed revela como é difícil tirar humor do fato de ser egípcio com a paranóia pós 11 de setembro. Sebastian Maniscalco, de humor mais sofisticado, era garçom e nunca conseguiu se sustentar com a carreira. E Brett Ersnst, o mais engraçado, tem família italiana, mãe solteira e desde pequeno foi criado pelo irmão mais velho que, segundo ele, “era tão gay, mas tão gay, que quando o médico deu um tapa em seu bumbum, cantou uma música da Liza Minelli”. Nos bastidores, ele chora de saudade do mano que morreu de aids.
A gente vai acompanhando a personalidade dos rapazes durante a viagem e aos poucos se simpatizando. Outra coisa legal é a atitude deles ao serem surpreendidos pela chegada do furação Katrina e indo contar a piada a um campo de refugiados. Estão vendo como é legal romper com um preconceito? (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O Nevoeiro

Nathan Gamble e Thomas Jane: proteção em meio ao horror
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O diretor Frank Darabont tem parceria de sucesso com o escritor Stephen King. "Um Sonho de Liberdade", de 1994, é um filme tão querido que está em primeiro lugar na lista dos melhores de todos os tempos elaborada com os votos dos leitores do site IMDB (Internet Movie Database), especializado em cinema. "À Espera de um Milagre", de 1999, não fica atrás.
Agora chega às locadoras o terceiro produto da colaboração entre eles, "O Nevoeiro" (The Mist, EUA, 2007), mas que não fez o mesmo sucesso dos anteriores. Bem que merecia. É uma produção que não tem medo de parecer um ‘filme B’, aqueles sobre monstros e com baixo orçamento. Além da despretensão, não hesita em cair no clima de horror.
A história se passa numa pequena cidade em que experiências sem autorização geram estranhas e terríveis criaturas que atacam na névoa. Boa parte dos habitantes fica isolada num supermercado, para se proteger dos ataques.
Enquanto David (Thomas Jane) tenta cuidar do filho, Billy (Nathan Gamble), e acalmar o povo, uma fanática religiosa (Marcia Gay Harden, sempre ótima) incita o grupo e se torna profeta. O roteiro mostra que, em situação de perigo, a solidariedade humana é uma lenda. O final é perturbador. (Ronaldo Victoria)

domingo, 2 de novembro de 2008

Ensaio sobre a Cegueira

Juliane Moore interpreta e única que preserva a visão
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O argumento que muita gente utilizou nos últimos dias para dizer como o circuito cinematográfico de Piracicaba anda defasado ­– nem “Ensaio sobre a Cegueira” passou! – não vale mais. Pois é, o filme de Fernando Meirelles está em cartaz no Shopping Piracicaba e quem reclamava tem mais é que ir. Primeiro para deixar de ser reclamão, e segundo (e principal), é o que o filme vale a espera.
Meirelles prova que é um grande cineasta e que “Cidade de Deus” não foi sorte de principiante. Ao contrário, ele demonstra enorme talento numa produção totalmente diferente. Claro que não é um filme fácil, afinal o livro em que é baseado, escrito pelo português José Saramago, não é fácil. E a vida de hoje em dia, a gente sabe, de fácil não tem nada.
O filme mergulha num pesadelo anunciado logo na primeira cena, quando um rapaz japonês que vive numa grande cidade (na maioria das cenas é caracterizada como São Paulo em sua desolação) fica cego sem motivo. Até um oftalmologista (Mark Ruffalo) é infectado, e sua esposa (Juliane Moore, sempre brilhante) é a única que mantém a visão.
Os infectados são isolados num hospital em ruínas e a partir daí se mostra como a solidariedade humana em momentos difíceis é um conto de fadas. Então acontecem cenas mais duras, como o estupro consentido das mulheres da ala 1 ordenada pelos integrantes linha-dura da ala 3, liderados por Gael Garcia Bernal. Há até cenas de humor politicamente incorreto, como Gael imitando Stevie Wonder. Para resumir: obrigatório. (Ronaldo Victoria)

sábado, 1 de novembro de 2008

Jogo do Amor em Las Vegas

Ashton Kutcher e Cameron Diaz: casamento na balada
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A originalidade é um dos ingredientes principais para uma boa comédia? Claro. Mas também não é assim tão fundamental. Digo isso por que “Jogo do Amor em Lãs Vegas” (What Happen in Vegas, EUA, 2008), com direção de Tom Vaughan, não é muito original. Ao contrário, o filme mistura todos os clichês possíveis. A diferença é que o faz de uma maneira tão agradável que se transforma num belo passatempo.
A história fala sobre Joy, uma garota linda (claro, é interpretada por Cameron Diaz), mas a típica nerd que só trabalha e fica grudada num namorado que a trata mal. Um dia, ela prepara uma festa surpresa para o sujeito e leva um fora público. Em crise, aceita o conselho de uma amiga e vai para Las Vegas espairecer. E lá que conhece Jack (Ashton Kutcher), um cara para quem “espairecer” é um verbo tão importante quanto “respirar”.
Os dois caem na balada juntos e, manguaçados, se casam numa daquelas capelas “fake”. No dia seguinte, ganham três milhões de dólares numa máquina caça-níqueis, mas surge a pergunta: de quem é a fortuna?
Vão à Justiça, mas um juiz linha-dura decreta que terão de viver seis meses juntos para não zombarem da instituição casamento. Adivinhou o que vai acontecer no final? Pois é, mas Cameron e Ashton funcionam tão bem em dupla que ninguém reclama. E os atores que fazem os amigos também dão um show à parte. (Ronaldo Victoria)