sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Amor e Inocência

James McAvoy e Anne Hathaway: par romântico charmoso
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O que você sabe a respeito de Jane Austen? Se respondeu que ela é a autora inglesa de romances clássicos como "Orgulho e Preconceito" ou "Razão e Sensibilidade" que se mantém cultuados até hoje, parece que pesquisou no Google. É que além desse lado profissional, pouco se sabe a respeito da vida dela, a não ser que viveu a vida quase toda numa pequena cidade inglesa, de 1785 a 1817.
Morreu solteira, como era comum naquele tempo. É uma das poucas coisas que se sabe a respeito da vida sentimental. Curioso que, com pouca prática, ela tenha se tornado uma mestra na arte de escrever sobre o amor. Uma das poucas menções é uma carta para a irmã, Cassandra, em que fala sobre o interesse em um advogado chamado Tom Leffroy.
Por isso, "Amor e Inocência" (Becoming Jane, Reino Unido, 2007), dirigido pelo veterano Julian Jarrold, é tão interessante e bem-sucedido. O roteiro imagina a história de Jane e a descreve como se fosse... uma heroína de Jane Austen. Ou seja, tendo de se dividir entre orgulho ou preconceito, razão ou sensibilidade, em que suas personagens clássicas se bateram.
A reconstiuição de época é perfeita, e o casal central esbanja charme e competência. Anne Hathaway (a novata de "O Diabo Veste Prada" e a 99 de "Agente 86") encontra o tom certo. E James McAvoy (de "Desejo e Reparação" e "O Procurado"), o galã do momento, corresponde à altura na pele do advogado. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Melhor Amigo da Noiva


Patrick Dempsey: quarentão charmoso em crise
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É um filme tão agradável que resistiu até mesmo ao penoso teste da versão dublada. É que quando "O Melhor Amigo da Noiva" (Made of Honor, EUA, 2008), dirigido pelo inglês Paul Weiland, entrou em cartaz no Cine Shopping Piracicaba, só veio sem legendas, falado em português. Sabe-se lá por que, já que a comédia não é dedicada ao público infantil.
Agora, em DVD, surge a chance de rever, e com som original. É o tipo de produção que não vai acrescentar muita coisa em sua vida, não vai lhe tornar mais sábio, mas dificilmente você irá se entediar. A não ser que seja um chato total, o que é muito mais uma questão psicológica do que cinematográfica.
Não faltou quem o definisse como a versão masculina de "O Casamento do Meu Melhor Amigo", comédia romântica com Julia Roberts. Até a distiribuidora parece achar isso, já que na capinha do DVD o aponta como indicação. A história fala sobre Tom (Patrick Dempsey, que foi galã juvenil, passou um tempo parado e voltou como quarentão charmoso), que namora todas as garotas que passam pela sua frente, sem compromisso. A única companhia feminina fixa dele é Hannah (Michelle Monaghan), a melhor amiga.
No dia em que ela anuncia que irá se casar (e com um escocês!), Tom entra em parafuso para provar à moça o que ele finalmente entendeu: os dois foram feitos um para o outro. Tente não rir com as cenas dos jogos escoceses e com aquela sobre o "dote" do noivo. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Paixão Proibida

Keira Knightley e Michael Pitt: romance em risco
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Quantos filmes chamados "Paixão Proibida" você já deve ter assistido? Boa pergunta. Às vezes parece que as distribuidoras nacionais agem contra elas mesmas, colocando títulos brasileiros tão "genéricos" que não chamam a atenção de ninguém.
Esse filme, dirigido pelo canadense François Giraud, se chama Silk no original e é em torno da seda que gira a história. Tudo se passa no século 19, na Europa, quando Hervè (Michael Pitt, que fez "Os Sonhadores" e viveu Kurt Cobain em "Últimos Dias") acredita que a indústria da seda não terá nenhum problema. Além da prosperidade econômica, ele vive feliz com a jovem esposa, Helene (Keira Knigthley, de "Os Piratas do Caribe").
Porém, quando uma praga ameaça a produção, ele se vê obrigado a fazer uma perigosa viagem (para a época) até o Japão, em busca de matrizes sadias. Lá conhece uma misteriosa garota, Hare (Koji Yakuso, de "Memórias de uma Gueixa"). O enredo é bem contado, mas lento. Michael Pitt (ele não é irmão do Brad) parece apático em cena e Keira tem poucas oportunidades. No fim a gente acha que as paisagens (belíssimas, por sinal) e a fotografia é que são os grandes destaques. E, dizem, quando a gente elogia a fotografia de um filme, é sinal de que ele é chato. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ponto de Vista

O presidente e seus guarda-costas antes do atentado
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O presidente dos Estados Unidos vai a Salamanca, na Espanha, participar de uma conferência entre líderes mundiais e selar a paz com os árabes. Tudo caminha bem, até que uma bomba estoura na praça central da cidade. Com esse começo, "Ponto de Vista" (Vantage Point, EUA, 2008), dirigido pelo inglês Pete Travis, poderia ser apenas mais uma fitinha de ação que investe na paranóia.
Não é. Porque o roteiro se divide em oito, tomando a cada vez o ponto de vista, como expresso no título, de uma pessoa ligada ao fato. Pode ser tanto uma diretora de TV (Sigourney Weaver) que documentava o evento, o guarda-costas presidencial (Dennis Quaid), um turista americano (Forest Witaker) que estava filmando tudo, ou um rapaz espanhol (Eduardo Noriega) cheio de mistérios.
A cada vez que a imagem do atentado congela e retorna, conta-se a história sobre outro prisma. E conforme outra testemunha entra em cena, outra visão, outra peça no quebra-cabeça é acrescentada. No começo o público pode reclamar do vai-e-volta, mas é uma experiência interessante. O elenco, que tem também William Hurt como o presidente, é outro destaque. Pena que o desfecho ligado ao personagem de Matthew Fox, o galã de "Lost", pareça meio forçado. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Última Parada 174

Marcello e Michel em cena do filme de Bruno Barreto
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Domingo, sessão das 15h na sala 3 do Cine Shopping Piracicaba. Pouco mais de 20 pessoas foram assistir "Última Parada 174", dirigido por Bruno Barreto. Na saída não há fila nenhuma para a próxima exibição. Sinal mais que evidente de fracasso na cidade. Será que em todo o Brasil foi assim?
Por que, apesar de toda a visibilidade na mídia nos últimos dias, a fita atraiu tão pouca gente? Não deve ser por conta das pedradas que levou da crítica (a crítica da Veja foi parcial, mas e daí?, essa revista é parcial). Será que o público se cansou do fato de o cinema brasileiro continuar falando de violência? Ou o filme teve o azar de estrear justamente após a semana em que o caso de Santo André dominou todo mundo?
Seja qual for o motivo, o fato é que o filme é bom e merecia ter melhor sorte. Quer dizer, não é um fenômeno como "Tropa de Elite", muito menos "Cidade de Deus", mas tem muitas qualidades. A maior delas é o fato de não ser sensacionalista, o que não ajuda nas bilheterias. A história de Sandro (Michel de Souza), o rapaz que aterrorizou o país ao seqüestrar um ônibus em 2000, é misturada com a de Ale (Marcello Melo Junior). Mãe de Ale, Marisa (Chris Vianna), que teve o menino roubado dos braços quando ele era bebê, acha que Sandro é que é na verdade seu filho. E a história dele vai seguindo de abandono em abandono até explodir no ônibus.
Pergunta final: quando tempo será que a tragédia de Lindemberg, Eloá e Nayara vai demorar para chegar aos cinemas? (Ronaldo Victoria)

domingo, 26 de outubro de 2008

Juntos pela Vida

Queen Latifah: convivendo com o mal
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Mudou muito a forma como a Aids e o vírus HIV são abordados no cinema: quando o são, já que o tema não lá muito falado nas telas. E isso é uma excelente notícia, muito mais por causa da medicina do que do cinema. Em 1993, ou seja, há meros 15 anos, quando Tom Hanks ganhou o Oscar por “Filadélfia”, a doença era aquilo que se viu nas telas: um drama pesado, uma condenação à morte. “Juntos pela Vida” (Life Support, EUA, 2007), dirigido por Nelson George e produzido pelo astro Jamie Foxx, fala de vida até no título, de como se pode conviver com o mal.
Quem encara a personagem principal é Queen Latifah, que começou como cantora de rap e hoje é uma atriz das mais sensíveis. Ela vive Ana que, claro, não morre no final. Até porque a personagem é baseada numa pessoa real, que nos créditos finais aparece em sua vida cotidiana, assim como outras mulheres.
O roteiro é centrado no impacto do vírus sobre a população negra feminina. Passada no Harlem, bairro negro de Nova York, mostra o que acontece hoje, quando as mulheres têm sido o principal grupo a contrair a doença. Ana teve uma fase pesada, se drogava junto com o marido, perdeu a guarda de uma filha, mas não desiste de encarar o que fez de certo e de errado. Humano e verdadeiro. (Ronaldo Victoria)

sábado, 25 de outubro de 2008

Antes que o diabo saiba que você está morto

Ethan Hawke e Philip Seymour Hoffman: irmãos trágicos
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Logo na primeira cena se percebe que este não é um filme convencional. A cena de sexo entre Philip Seymour Hoffman e Marisa Tomei é pesada, e não apenas por conta da silhueta do ator. É forte, chega a incomodar, algo raro no cinema americano. Depois, ainda nus, os dois conversam sobre o sonho de dar um golpe e irem adivinhem para onde? Para o Brasil.
Assim começa "Antes que o diabo saiba que você está morto" (Before the devil knows you‘re dead, EUA, 2007), dirigido por Sidney Lumet. O golpe de Andy (Hoffman) parece simples: assaltar a joalheria dos pais, que ele sabe estar coberta pelo seguro, com uma arma de brinquedo, no sábado. Isso porque nesse dia trabalha uma senhora já idosa, que não esboçará resistência.
Mas ele tem a infeliz idéia de chamar o irmão, Hank (Ethan Hawke), para atuar no assalto. O típico fracassado, Hank faz tudo errado: chama um comparsa, que leva uma arma de verdade. Para complicar, a funcionária falta e mãe dos dois, Nanete (Rosemary Harris), é quem aparece. Numa troca de tiros, o ladrão e a mulher morrem.
Atenção: ninguém contou o final do filme. Isso é só o começo. O roteiro, que é circular, não tem medo de mergulhar no trágico em sua maior dimensão. Até chegar a hora de Charles (Albert Finney), o pai dos dois, ter de tomar a decisão suprema. Amargo, mas obrigatório. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Harrison Ford, aos 66 anos, encara aventuras
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Será que Harrison Ford, aos 66 anos, iria dar conta de bancar o herói de aventura novamente? A pergunta não parece ser preconceituosa em relação à idade do astro. Afinal, James Bond, o 007, não é mais Sean Connery faz tempo e sempre faz um rodízio de atores. Talvez por isso, a quarta aventura do arqueólogo galã, "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" (Indiana Jones and the Kingdom of the Crystall Skull, EUA, 2008), que chegou há pouco às locadoras, esteve cercada de tanta expectativa.
É que 20 anos separam essa história do terceiro episódio. Com isso, há uma geração que não viu as aventuras de Indiana nos cinemas. Por isso, a missão do diretor Steven Spielberg era tão arriscada.
A saída foi não inventar muito e também mostrar claramente os efeitos do tempo sobre o herói. Até a personagem de Karen Allen, Marion, estrela do primeiro filme, voltou para contar a ele que os dois tiveram um filho. Ele é Mutt, vivido por Shia LaBeouf, jovem ator que virou o favorito de Spielberg.
Para o papel de vilã, foi escalada Cate Blanchett, que se diverte na pele da russa Irina Spalko e banca a canastrona em cena, o que só uma grande atriz consegue sem se dar mal. O roteiro é aquilo que se espera: a busca de um amuleto na América do Sul, com direito até a ataque de formigas gigantes da Amazônia. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sex and the City

Cinthia, Kristin, Sarah e Kim: balzacas chatas
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Foi anunciado esta semana que "Sex and the City" (idem, EUA, 2008) terá uma continuação, com o mesmo diretor (Michael Patrick King) e, claro, as mesmas atrizes. Tipo da novidade não causa entusuiasmo. Por que? Simplesmente porque a passagem das quatro novaiorquinas da televisão para a tela grande, apesar do estardalhaço, foi uma imensa decepção. Será que agora, em DVD e voltando para as telas menores, melhora? Difícil, senão impossível.
É que o filme, ao contrário do seriado, quis agradar ao máximo possível de gente. Pressão da grana da indústria, claro. E numa dessas, perdeu o principal: aquele saudável sabor ousado.
O quarteto de simpáticas balzacas soa até patético: elas nem mais se empenham em nada, a não ser comprar roupas e achar um homem que justifique sua vida. Carrie (Sarah Jessica Parker) se envolve pela milésima vez numa confusão amorosa com Mister Big (Chris Noth) e não disfarça o que no fundo sempre quis: casar toda certinha, de véu e grinalda. Miranda (Cynthia Nixon) ficou insuportável e Charlotte (Kristin Davis) parece uma débil mental. Até Samantha (Kim Cattral) perdeu aquele fogo.
Para complicar, a gente assiste duas horas e meia de incentivo a consumismo e futilidades, um grande desfile de modas, para no fim ter de aguentar sabe que mensagem? Que o que vale é a simplicidade. Então tá! (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Incrível Hulk

Edward Norton: cenas de ação na Rocinha
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O Hulk, quem diria, foi morar na Rocinha, arrumou emprego numa fábrica de refrigerantes esquisita e, quando as coisas ficam pretas (ou verdes?), relaxa praticando capoeira. Com essas novidades, ficou fácil para "O Incrível Hulk" (The Incredible Hulk, EUA, 2008), dirigido por Louis Leterrier, fazer sucesso quando entrou em cartaz nas salas de cinema brasileiras. Agora, em DVD, o sucesso deve se repetir.
Além disso, o seriado, estrelado com Bill Bixby como o doutor Banner e o halterofilista Lou Ferrigno como a "criatura", virou mania brasileira nos anos 80. Em 2003, o chinês Ang Lee fez sua versão para as telas, mas que se mostrou um enorme fiasco, por combinar dois equívocos: primeiro por que Lee tentou fazer algo "cabeça" ao passo que o público queria aventura, e depois pelo fato de a criatura computadorizada que arrumaram ser ridícula.
Destes dois males não sofre a produção atual, com a qual os estúdios Marvel (especializado em transposição de quadrinhos para as telas) "passaram a borracha" no filme de cinco anos atrás. Para viver o herói, foi chamado Edward Norton, ator talentoso mas que, dizem, deu um show de antipatia e grosseria ao gravar suas cenas no Rio de Janeiro. O roteiro não tem pretensões a não ser contar uma boa história e consegue seu objetivo. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Amigos, Amigos, Mulheres à Parte

Jason Biggs e Dane Cook: cadê a sobrancelha?
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Sair no meio de um filme quase nunca é bom negócio. No caso de "Amigos, Amigos, Mulheres à Parte" (My Best Friend’s Girl, EUA, 2008), dirigido por Howard Deutch, atualmente em cartaz nos cinemas, essa vontade chega a aparecer. É por que tudo indica que não vai ter jeito, a vulgaridade e o mau gosto parece que tomarão conta.
A história fala sobre Thank (Dane Cook), rapaz folgado que encara uma missão diferente. Ele é contratado por amigos para sair com as garotas de quem eles gostam. Nos encontros arranjados, comporta-se como um cafajeste de última e faz as coitadas voltarem correndo para seus ex-namorados.
Tudo se complica quando o primo dele, Dustin (Jason Biggs), apaixonado pela colega de trabalho Alexis (Kate Hudson), pede para Thank entrar em cena. O problema maior do começo do filme é estar apoiado em Cook, um ator insuportável, e que ainda faz aquele pose de cara "cool", ou seja, um Marcos Mion em dólares. Ele "se acha"!
As coisas só não se perdem por que aparece Alec Baldwin como pai do "mala". Baldwin só melhorou como ator ao se assumir como canastrão irremediável. Aí a gente pára de se incomodar com a "malice" de Dane Cook e até dá umas risadas. As melhores cenas, porém, ficam por conta de Jason Biggs, especialmente a da sobrancelha. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

As Duas Faces da Lei

De Niro e Pacino: astros de primeira, filme de segunda
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Como unir dois atores de primeira e fazer um filme de segunda? A resposta pode ser dada por Jon Avnet, diretor de "As Duas Faces da Lei" (Righteous Kill, EUA, 2008), em cartaz nos cinemas. Ele conseguiu juntar neste suspense Robert de Niro e Al Pacino (com quem havia trabalhado no ano passado em "88 Minutos"), duas lendas do cinema, e o resultado não é de empolgar ninguém.
Não que seja um filme de todo ruim. Ao contrário, o espectador percebe que houve esforço técnico. Mas se de boas intenções, dizem, o inferno está cheio, a gente também já está. A questão é que o "gancho" usado para atrair público — a união dos dois gigantes, o que nem é novidade, já que eles fizeram juntos "Fogo Contra Fogo’ — se revela um tiro n’água. Se o elenco trouxesse dois atores menos talentosos, talvez a gente exigisse menos e ficasse menos decepcionado.
A história também não ajuda. Os dois vivem parceiros policiais com mais de 30 anos de carreira que precisam desvendar os crimes praticados por um ‘serial killer’ que deixa poeminhas fajutos nas cenas do crime. A solução é meio "mandrake". Pacino ainda se esforça em cena, mas De Niro parece que entrou nessa apenas para cumprir tabela. (Ronaldo Victoria)

domingo, 19 de outubro de 2008

Horton e o Mundo dos Quem

O elefante e seus amigos: mensagem de união
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Dizer que é lindo este desenho animado, que chega agora às locadoras depois de uma temporada de sucesso nos cinemas, é o mínimo. Afinal, hoje em dia, com todos os recursos, os grandes estúdios têm condições de fazer animações cada vez mais perfeitas. O que torna “Horton e o Mundo dos Quem” (Horton Hears a Who, EUA, 2008), dirigido por Jimmy Hayward e Steven Martino uma delícia, além do visual, é sua história e aquilo que “transmite” (a palavara está desgastada, mas é melhor que “passa”) a públicos de todas as idades.
O roteiro é inspirado numa obra de Dr. Seuss, o maior escritor infantil norte-americano, uma espécie de Monteiro Lobato do Norte. O bacana das obras dele, e que as tornam imortais (pelo menos entre os americanos), é a sua enorme originalidade. Pense só: se você fosse contar uma história para uma criança, pensaria num elefante simpático que ao ver uma florzinha na selva, escuta uns barulhinhos e entra em contato com o povo minúsculo que vive na flor?
Pois Seuss pensou. E os diretores do desenho mergulharam na fantasia com igual competência. Além do elefante boa-praça, os personagens pequeninos também são uma graça, como o estressado prefeito e seu único filho (ele tem 96 filhas!), o tímido JoJo. Quando o povo da floresta não acredita em Horton, os minúsculos precisam se unir para “fazer barulho” e essa mensagem de união é perfeita. Talvez os muito pequenos não captem todas as sutilezas, mas crianças de 8 a 80 e poucos vão se divertir. Quem colocar o som em inglês, tem de quebra as vozes de Jim Carrey como Horton e Steve Carell como prefeito, entre outros astros. (Ronaldo Victoria)

sábado, 18 de outubro de 2008

Ressaca de Amor

Jonah Hill e Jason Segel: os nerds também amam
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Lembra aquele tipo de filme em que a mocinha legal leva um fora de um cafajeste, fica no fundo do poço mas consegue dar a volta por cima? “Ressaca de Amor” (Forgetting Sarah Marshall, EUA, 2008), dirigido por Nicholas Stoller, é a versão masculina deste tipo de produção. Com a diferença de que foge do lugar comum, evita o tom de chororô e o resultado é uma comédia divertidíssima.
É mais um produto ligado a Judd Apatow, aqui o produtor, o homem que está causando uma revolução nas comédias americanas, em fitas como “O Virgem de 40 Anos”, “Ligeiramente Grávidos” ou “Super Bad”. O estilo já vem sendo chamado “vingança dos nerds”, ou seja, são comédias em que os nerds não são vistos como saco de pancadas, mas sim como são: pessoas cheias de sentimento, um tanto atrapalhadas, e de enorme coração.
“Ressaca de Amor” é escrito por Jason Segel, um ótimo ator, que também vive o papel principal. Ele é Peter, músico que trabalha como compositor de um seriado de televisão estrelado pela Sarah Marshall (Kristen Bell) do título original. Um dia, quando ele está pelado em sua casa(curioso como o grandão Jason Bell não tem o menor pudor em ficar nu), ela dá a notícia de que quer “dar um tempo”.
Arrasado, ele vai para o Havaí, mas quem está lá? A canastrona com seu novo namorado, um roqueiro que é a cara do Zé Bob da novela. Só que a recepcionista do hotel, Rachel (Mila Kunis), e o barman Mathew (Jonah Hill, o gordinho de “Superbad”) vão ajudá-lo a mudar de vida. Risadas garantidas. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Guerra S.A.

John Cusack em cena da sátira
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Há alguns anos, o nome do ator John Cusack chegou a ser indicado por um grupo de intelectuais para algo inusitado: candidato independente à presidência dos Estados Unidos. E não era brincadeira. Cusack tem o maior conceito na comunidade de Hollywood, não só por seu talento mas pela versatilidade.
Com esse filme (no original, War, Inc, EUA, 2008), dirigido por Joshua Seftell, a gente pode saber o que Cusack pensa de política, já que ele, além de ser um dos autores, é o produtor da fita. E fica claro que o astro chegou à conclusão de que a política americana na era George W. Bush (é preciso dizer que Cusack é democrata?) virou um Deus-nos-acuda.
O roteiro se passa num país fictício, o Turaquistão, devastado pela guerra. O lugar é comandado por uma corporação presidida pelo ex vice-presidente americano. Para dar um jeito na trapalhada —— e matar o presidente do país —— vai para lá Hauser (Cusack), um maluco que só pensa em poder. Mas ele se envolve com um pop star que lembra muito Britney Spears, e vivida por Hillary Duff, e com uma repórter idealista interpretada por Marisa Tomei.
Deu para sentir que o clima é de sátira total. O problema é a irregularidade, tem horas que a gente acha as sacadas muito boas (e críticas), enquanto algumas cenas soam constrangedoras. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Um Paraíso Havaiano

Garotas japonesas encaram hulla-hulla
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Adivinhe onde se passa esse filme? Você disse Havaí? Errou. A historia de "Um Paraíso Havaiano" (Hula Gâru, 2006), dirigido por Sang-il Lee é toda ambientada no Japão. E trata-se de um fato verídico. É o tipo de acontecimento que o pessoal do jornalismo, ao saber, comentaria de imediato: "nossa, isso dá uma pauta ótima!" Ou seja, rende uma boa matéria. E não é que no cinema também rendeu, e uma boa comédia?
Tudo acontece nos anos 1960, quando o Japão, cada vez mais industrializado, começa a substituir o carvão pelo petróleo. Com isso, pinta um grande problema: o que as cidades que vivem ligadas a uma mineradora podem fazer para não se tornar lugares fantasmas?
Logo aparece a idéia, a primeira vista considerada de jerico, de abrir na cidade o primeiro vilarejo havaiano do Japão.
Só que ninguém sabe dançar, muito menos hulla-hulla. Então desembarca na cidade uma bailarina tão talentosa quanto neurótica que tenta ensinar um grupo de garotas. O conservadorismo do pessoal, que acha um escândalo ver as filhas "quase nuas" (na visão deles), só com sainha e bustiê, rende boas cenas. Todo o filme também pode ser acompanhado com muito prazer. É o tipo de produção que vale a pena ser garimpada na prateleira das locadoras. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Os Reis da Rua

Keanu Reeves em cena: fogo cruzado
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Engraçado como certos filmes, sabe-se lá por que, caem em desgraça com a crítica especializada, enquanto o público lota as salas de cinema em que a produção é exibida. Falar da separação entre o gosto da crítica e o do público é uma coisa chata e nem vem ao caso. Mas até cabe perguntar: por que será que detonaram tanto com "Os Reis da Rua" (Street Kings, EUA, 2008)?
Tudo bem, o filme não é assim nenhuma maravilha, mas também não merecia virar saco de pancadas. Talvez tenha sido vítima de implicância, por causa de sua ambição, por envolver nomes em alta e mirar o sucesso na bilheteria.
Claro que tem defeitos, sendo o principal o fato de que o roteiro, para quem acompanha o estilo policial, é bem manjado e as reviravoltas se tornam previsíveis. E o astro, Keanu Reeves, a cada vez se torna mais galã e menos ator, o que também atrapalha.
No mais, em DVD, o espectador não tem do que se queixar. O protagonista é Tom Ludlow, policial veterano que nos anos 90, em Los Angeles encara uma série de conflitos: a mulher o abandona, o parceiro negro o acusa de racismo e ele testumunha uma execução, ficando no fogo cruzado. O chefe promete ajudá-lo, mas logo Tom descobre um esquema pra lá de sujo. Na pele do chefão, Forest Whitaker, logo após ganhar o Oscar, dá um banho e mostra a Keanu o que é um ator de verdade. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Noites de Tormenta

Richard Gere e Diane Lane: dupla romântica de volta
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Mesmo que de vez em quando participe de filmes mais ousados como o experimental "Não Estava Lá", sobre a vida de Bob Dylan, e o drama "A Caçada", que trata da guerra na Bósnia, não tem jeito: a estampa de galã e os cabelos grisalhos de Richard Gere acabam sendo chamados para estrelar um filme romântico.
No caso de "Noites de Tormenta" (Nights in Rodanthe, EUA, 2008), dirigido por George Wolfe, em cartaz nos cinemas, a receita hollywoodiana foi seguida ainda mais a risca, já que chamaram Diane Lane, com quem ele dividiu o sucesso "Infidelidade", para ser novamente sua parceira.
A paisagem também ajuda, e muito. A história começa numa pousada no litoral da Carolina do Norte que Adrienne (Diane) vai tomar conta para ajudar a amiga Jean (Viola Davis). O único hóspede é um médico, Paul (Gere), que passa por uma séria crise pessoal e profissional. Ele quer convencer o marido de uma paciente, morta na mesa de operação, que não teve culpa pela tragédia.
Juntando a crise de Adrienne, cujo marido que a abandonara quer voltar, o local lindo, uns discos de jazz, e a tormenta de que fala o título (um furacão bravo), acontece o que todo mundo esperava: os dois se apaixonam loucamente. O filme só se esquece de ser previsível no final, e curiosamente aí que está seu maior problema. Precisava tanta desgraça? Era necessário mesmo fazer a platéia romântica gastar lágrimas? O desfecho deprê se torna muito chato. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Amar não tem Preço

Gad Elmaleh e Audrey Tautou: difícil vida fácil
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O cinema francês quase sempre tem um jeito diferenciado daquele com o qual a maioria do público brasileiro está acostumada — o que é uma sorte, já que quando eles resolvem imitar os americanos, o resultado é um desastre. As comédias, então, possuem um jeito todo francês de ser, mais indicadas para sorrisos do que gargalhadas.
Bem assim é "Amar não tem Preço" (Hors de Prix, 2006), dirigido por Pierre Salvadori, e o título nacional desta vez faz sentido. Os personagens principais são aqueles que vendem amor, eufemismo para garotos e garotas de programa. É o caso de Irène (Audrey Tautou, a estrela de Amèlie Poulain e Código Da Vinci) que, apesar de ser magrinha e nem de longe parecer uma "femme fatale", ganha a vida fazendo companhia a ricaços.
Um dia, num hotel de luxo, ela confunde o barman Jean (o marroquino Gad Elmaleh) com um milionário e passa a noite com ele. Apaixonada e acreditando na história do rapaz, dispensa o executivo, que a havia pedido em casamento. Assim que descobre o engano, o amor vira ódio (ou não?).
O roteiro passa por temas difíceis e, conforme a situação, eles reagem, sempre tendo em primeiro lugar a luta pela sobrevivência. Os dois demoram a assumir que estão irremediavelmente apaixonados. Para complicar, ele arruma uma coroa rica, Madeleine (Marie-Cristine Adam), que passa a financiá-lo. (Ronaldo Victoria)

domingo, 12 de outubro de 2008

Capítulo 27


Lindsay Lohan e Jared Leto: plantão na porta de Lennon
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Nos anos 1980, a imagem flácida e esquisitona de Mark David Chapman, o malucão que matou John Lennon na porta do prédio em que morava em Nova York no dia 8 de dezembro de 1980, ficou como uma espécie de bicho-papão para a juventude da época. Até em músicas de Beto Guedes (um simples canalha mata um rei/ em menos de um segundo) e Simone (naquela noite em que ficamos tristes com Yoko/ quando uma bala partiu de um manso louco) o cara apareceu. Talvez hoje a moçada não ligue mais o nome dele ao que aconteceu. E demorou para a história do pirado ir para o cinema.
Na pele dele, o galã Jared Leto não poupou esforços (nem comida), já que engordou 30 quilos e ficou balofo. Parecido com o que Robert DeNiro fez para viver o boxeador Jake La Motta em “O Touro Indomável”, o que lhe rendeu o Oscar. Apesar do esforço, nem se cogitou o prêmio para Leto.
Não que o filme não seja bom. Ao contrário, o diretor J.P.Schaefer da fita (Chapter 27, EUA, 2007) tem cuidado na narrativa. Acompanhamos a peregrinação de Chapman durante três dias na frente do famoso edifício Dakota, onde o ex-beatle morava, andando sempre com o livro “O Apanhador no Campo de Centeio” (pelo qual tinha obsessão) e o LP (na época não havia CD) de “Double Fantasy”. Lindsay Lohan faz participação como uma fã que fica sempre no local, mas sem muito brilho.
Chapman é retratado em sua esquizofrenia, mas o resultado final incomoda. “Capítulo 27” não consegue se livrar de seu “pecado original”: será que vale a pena gastar tempo com um assassino? Terminando com o tópico “estranhas coincidências”: sabe como se chama o ator que faz uma ponta como Lennon? Mark Chapman. (Ronaldo Victoria)

sábado, 11 de outubro de 2008

A Outra

Scarlet e Natalie: irmãs separadas por um rei
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Uma das coisas mais legais do cinema é que cada filme tem um “não se quê” difícil de definir, o que faz com que a sétima arte fique o mais longe possível de uma ciência exata. Em relação a “A Outra” (The Other Boleyn Girl, EUA, 2008), dirigido por Justin Chadwick, isso fica visível. A gente vai à locadora crente de que irá assistir um filmão. E depois que termina, fica difícil de definir a razão de ele resultar tão frustrante.
E havia tantas razões para que a fita não fosse assim! O elenco é ótimo: duas belas atrizes (Natalie Portman e Scarlet Johansson) e um ótimo ator (Eric Bana). A trama, baseada em fatos históricos reais, também é fascinante: a obsessão do rei inglês Henrique 8º (Bana) em ter um filho para herdar o trono, a perseguição a sua mulher, Catarina de Aragão (Ana Torrent, a menina de “Cria Cuervos”), por não conseguir isso e seu envolvimento com as irmãs Bolena.
A história oficial conta mesmo seu casamento com Ana (Natalie) e nem cita Mary (Scarlet). Mas está aí um dos motivos pelo qual o filme não “pega” o espectador. Ana Bolena passou para a história como vítima, afinal foi decapitada. Aqui o roteiro a mostra como uma garota fútil, aproveitadora, até mau caráter, que usa a irmã para conseguir o que quer. Para complicar, Scarlet não está bem e fica o filme todo com cara de chorona. E Bana destaca o lado tirano do rei sem nenhum pudor. Ou seja, a gente não se envolve, não “torce” por ninguém. Na ânsia de ser fiel historicamente, o diretor se esqueceu que cinematograficamente o público “precisa” de um herói, ou heroína. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Verdadeiro Amor

Casal em cena: história e paisagem linda
Foto: Google Image

Um lado bom do DVD é descobrir filmes que não fizeram sucesso ou nem chegaram aos cinemas. Dentro dessa categoria está "O Verdadeiro Amor" (Sweet Land, EUA, 2006), dirigido por Ali Selim. Em Piracicaba essa produção nem passou por perto e mesmo em São Paulo só entrou em cartaz numa sala pequena do Shooping Frei Caneca.
Portanto, dê-se ao luxo de descobrir esse drama sensível e emocionante. Para melhorar, a fotografia e as paisagens são belíssimas. Tudo começa em 2004, quando morre Inge, avó de Lars, e ele precisa decidir se vende ou não a fazenda no estado de Minessotta em que a família morou a vida toda.
A partir daí, a narrativa volta em flashback, para mostrar quando Inge (Elizabeth Reiser) chega da Alemanha para se casar com o jovem fazendeiro norueguês Olaf (Patrick Heusinger). Como era costume naquele tempo, os dois nunca se viram. Mas de cara pinta uma atração entre eles. O problema é que Inge não tem documentos e o preconceito contra os alemães, logo após a 1ª Guerra Mundial, é grande. Por isso a comunidade se vira contra o casal e até o pastor (John Heard) faz discurso na igreja contra os dois.
Só que o amor, algo que ninguém esperava, nasce forte entre eles. Para os mais sensíveis, é imperdível. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Rolling Stones - Shine a Light

Os tiozinhos em ação em Nova York
Foto: Google Image

Em show de Rolling Stones rola sempre aquela energia. Os velhinhos mais sacudidos do planeta parece que deram uma rasteira nos efeitos do tempo e continuam com a maior pilha. No Brasil, os concertos deles são sempre disputados.
Esse filme, que chegou há um mês às locadoras, é um projeto especial. Tem direção de Martin Scorsese, cineasta dos mais conceituados e que anda em alta depois do Oscar que (finalmente) recebeu por "Os Infiltrados".
É um documentário, além de ser o registro de um show da banda em Nova York. No começo logo se nota que deve ter rolado uma batalha de egos entre o vocalista Mick Jagger e o diretor. Afinal, Scorsese tem auto-estima inversamente proporcional a sua altura e diretamente a espessura das sobrancelhas. E Jagger, todo mundo sabe (até Luciana Gimenez), é uma estrela.
A estrutura escolhida por Scorsese chama a atenção: entremeou números de palco com cenas históricas dos rapazes no início de carreira. Mostrando a eternidade dos caras, os convidados são tanto Buddy Guy, da velha guarda, quanto os representantes da nova geração Jack Stripe e Christina Aguilera. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

À Espera da Felicidade

Robin Tunney e Joel Edgerton: drama pesado
Foto: Google Image

É aconselhável um pouco de paciência para encarar "À Espera da Felicidade" (Open Window, EUA, 2006), dirigido por Mia Goldman. Primeiro porque se trata do tipo de filme que muitos freqüentadores de locadora não curtem muito: aquele rotulado de "parado".
Sim, o clima do filme é lento, mas no caso está bem de acordo com o estilo e o tema escolhidos. Esse, aliás, é o segundo motivo para exigir paciência: o assunto é bastante pesado, estupro.
Tudo começa quando o escritor Peter (o australiano Joel Edgerton) resolve pedir em casamento a fotógrafa Izzy (Robin Tunney, da série "Prison Break"). Romântico, ele coloca a aliança no meio do sanduíche que oferece como quem não quer nada para a moça.
Parece que vai ser uma típica comédia romântica, mas o clima pesa quando um dia Izzy está sozinha em casa e esquece a janela aberta (como destaca o título original). Por ela entra um maluco que a estupra. Logo na delegacia se percebe a tensão entre o casal: enquanto ele quer denunciar, a moça prefere esquecer o assunto.
Só que isso será difícil demais, quase impossível. A sombra do caso pesa no meio dos dois e desgasta o relacionamento. Os veteranos Cybill Shepperd e Eliot Gould, como os pais da garota, oferecem um alívio cômico. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Annie Leibovitz - A Vida através das Lentes

Annie Leibovitz: olho mágico
Foto: Google Image

Conhece ou já ouviu falar de Annie Leibovitz? Não? Sabe quem fez aquela foto da atriz Demi Moore nua, grávida de nove meses, segurando o barrigão? Ou então aquela em que Yoko Ono está parada e John Lennon, pelado, a abraça na posição fetal? Sentiu como a mulher é poderosa? Foi ela quem fez essas fotos e muitas outras que viraram referência visual da modernidade.
Por isso, vale a pena arriscar e levar da locadora esse documentário, realizado em 2006 e que faz parte de uma série chamada "American Masters". A diretora, Barbara, é irmã de Annie. Mas isso não quer dizer que seja uma produção "chapa-branca", ou seja, que só mostra o lado positivo do personagem.
Quando ao lado bom, só os dois exemplos citados já mostram quanto Annie é talentosa. Ela trabalhou nos anos 70 na revista Rolling Stone e nos 80 na Vanity Fair e definiu visualmente as duas publicações. No documentário, ela fala sem rodeios ( e aí vem a parte corajosa) que na fase Rolling Stone, de ligação forte com a estética e estilo de vida roqueiros, caiu de boca nas drogas e precisou ser internada. Um pouco por isso, Annie conseguiu retratar aqueles tempos loucos.
Mas superou os problemas com classe. Em outra confissão, lembra sua ligação com a escritora Susan Sontag e a fase de viuvez após a longa doença da intelectual. Luxo à parte são depoimentos breves de estrelas como George Clooney, Julia Roberts, Whoopi goldberg e, claro, Demi Moore. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Trilhos do Destino

Marcia Gay Harden e Kevin Bacon: sem medo da tristeza
Foto: Google Image

Filha do grande Clint, Alison Eastwood estréia na direção com esse drama sensível e pesado, um pouco na linha do que o paizão fez em "Sobre Meninos e Lobos" e "Menina de Ouro". Para estrelar, chamou dois ótimos atores que já bilharam em filmes de Clint: Kevin Bacon e Marcia Gay Harden.
O título do drama (no original é Rail & Ties, EUA, 2007) não é por acaso. Bacon vive Tom, um maquinista de trem que passa maus bocados na vida pessoal. Nas primeiras cenas ele é aconselhado pelos colegas de trabalho a tirar uma folga. É que Megan (Marcia), sua mulher, acabou de saber que o câncer de mama se espalhou para os ossos.
A vida do casal acaba se cruzando com a de Davey (Miles Heizer), garoto que fica sozinho no mundo quando a mãe depressiva para o carro na linha do trem. E quem está no controle do trem é justamente Tom. Davey procura Tom porque o acusa da morte da mãe. Por sua vez, Megan procura o menino por medo de que morra sem nunca ter se sentido mãe. "Não tenho medo de morrer, mas de chegar à conclusão que não vivi", ela explica para o marido.
A trama não tem medo da tristeza e Alison mostra que seguiu os conselhos do paizão. Sem trocadilho, ela não saiu do trilho. (Ronaldo Victoria)

domingo, 5 de outubro de 2008

Casamento em Dose Dupla

Diane Keaton e Dax Shepard: minha mãe é uma mala
Foto: Google Image
Logo na primeira cena, Noah (Dex Sheppard) está na cama com a mulher Clare (Liv Tyler), enquanto a mãe, Marylin (Diane Keaton) começa a deixar recado na secretária eletrônica e não deixa o casal voltar a dormir. Comentário do rapaz, meio sonolento: “A maioria das pessoas tem medo de que a mãe morra. Eu tenho medo de que a minha seja eterna!”
Bom começo para uma comédia, não? Pois é, acontece que depois desse início promissor, “Casamento em Dose Dupla” (Smother, EUA, 2008), dirigido por Vince Di Meglio, vai se tornando cada vez menos inspirado. E isso, para uma comédia, é triste. A intenção do diretor foi contar a história de um cara certinho que tem uma mãe fora do cabo que não consegue amadurecer. Tudo bem, mas o que ele conta não dá liga.
Tudo parece muito artificial. Curioso que Diane Keaton, uma grande atriz, musa de Woody Allen (com quem foi casada e atuou em oito filmes dele), nos últimos tempos tenha preferido atuar em comédias ligeiras, como “Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro” e “Não quero ser Grande”. A gente sempre espera mais dela e aqui, na pele de Marylin sua interpretação está exagerada, a um passo do irritante.
Já o ator Dax Shepard faz a mesma cara de panaca em todas as cenas. E Liv Tyler, que há alguns anos vivia deusas, hoje encarna uma dona de casa insegura. (Ronaldo Victoria)

sábado, 4 de outubro de 2008

Speed Racer


Emile Hirsh em ação: excesso de técnica

Foto: Google Image

Ninguém mais duvida de que os heróis em quadrinhos andam dominando o cinema. Só neste último ano, o novo Batman, a volta de Indiana Jones e do Incrível Hulk, além do sucesso do Homem de Ferro, não me deixaram mentir. Às vezes parece que o cinema se tornou mesmo um gibi em alta animação ou um videogame ampliado. Isso não é ataque de ranzinzice, não. Ao contrário, na maioria das vezes pode ser muito divertido. E nem é aquele papo de “oh, como o cinema se desvirtuou”. Afinal, a molecada dos anos 50 ia às matinês assistir seriados do Tarzan e do Flash Gordon.
Mas no caso de “Speed Racer” (EUA, 2008) é preciso se reconhecer: sobrou técnica e faltou história. Ou seja, tem videogame demais e cinema de menos nessa volta dos irmãos Wachovsky, a dupla nerd do clássico nerd Matrix, às telas. A produção é um prodígio que mostra cada dólar investido. Os atores contracenam em frente a uma tela onde são projetadas imagens delirantes, tipo caleidoscópio.
É lindo? Ô se é! Mas tem horas que uma pessoa mais madura pode se sentir que nem aquela criançadinha japonesa tendo ataque epilético vendo o Picachu amarelo! É informação demais para as nossas pobres retinas cansadas. Com isso a gente nem tem tempo de prestar atenção na performance dos atores. Só deu para perceber que Emile Hirsh na pele do herói perdeu uma grande chance de virar astro, que nem Susan Sarandon consegue segurar uma personagem esquemática e que Matthew Fox, o galã de “Lost”, ainda é só galã. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sombras de Goya

Natalie Portman: Inés e sua filha
Foto: Google Image

Realizado pelo mesmo diretor de "Amadeus", Milos Forman, esse novo filme do tcheco que vive há 40 anos nos Estados Unidos pouco tem a ver com seu maior sucesso. Se antes ele fez uma cinebiografia de Mozart, contando a história do gênio musical, aqui o pintor espanhol Francisco Goya é mostrado mais como uma vítima de uma era de sombras.
Isso fica explícito tanto no título brasileiro quanto no original, Goyas’s Ghosts (ou fantasmas de Goya). O pintor (vivido pelo sueco Stelan Skarsgaard) nem é o personagem principal, mas sim o padre Lorenzo, interpretado pelo espanhol Javier Bardem.
A época retratada é a mais cruel da Espanha, em que a Inquisição Espanhola dava as cartas. Enquanto boa parte do clero via com maus olhos o enorme talento de Goya, que retratava em quadros cada vez mais sombrios o horror daquele tempo, pessoas como Lorenzo queriam usá-lo em benefício da vaidade, como retratista oficial da corte.
A história também envolve Inés (Natalie Portman), garota aristocrática acusada de ser simpatizante do judaísmo apenas por recusar carne de porco. Só por isso, passa vários anos na masmorra. Presa, tem como confidente padre Lorenzo, que a engravida. A menina, Alícia, vira prostituta. Fica fácil ver que o roteiro não prima pela contenção e cai de boca no excesso. Se o início é promissor, as "sombras" do exagero comprometem o resultado final. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Awake - A Vida por um Fio

Hayden, Terrence e Jessica: operação desastrosa
Foto: Google Image
Assistir a este filme, primeira aventura na direção do jovem Joby Harold, é uma aula. Infelizmente uma aula de como uma produção pode começar tão bem, ao mesmo tempo interessante e inteligente, e terminar de forma tão rocambolesca e sem sentido. O ponto de partida chama a atenção, e até lança números na tela para contar que uma pequena parte das pessoas que é anestesiada na mesa de cirurgia acaba ficando consciente durante o procedimento (“awake” do título original quer dizer acordado).
É isso que acontece com Clay (Hayden Christensen), o jovem milionário que precisa passar por um transplante de coração. Contra os conselhos da mãe dominadora, Lilith (Lena Olin), ele escuta o que diz sua doce namorada Sam (Jessica Alba) e se entrega nas mãos do cirurgião Jack Harper (Terrence Howard).
O começo é ótimo e o espectador fica angustiado em ouvir a voz de Clay, que sente tudo o que está sendo feito. Mas logo ele, mesmo na operação, vai entendendo o que realmente aconteceu e é a partir daí que o roteiro falha. Ficam várias perguntas sem resposta: por que houve a traição? Como a mãe será a doadora? Os atores também não ajudam: Christensen (o jovem Darth Vader) é sem sal, Jessica Alba vem escolhendo mal seus papéis, Howard tem trabalhado demais e Lena, que já foi estrela, hoje é uma coadjuvante sem brilho. Pena. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Banquete do Amor

Morgan Freeman e Alexa Davalos: encontros e desencontros
Foto: Google Image
Logo no início do filme, o personagem do grande ator Morgan Freeman, o professor universitário Harry Stevenson, diz o seguinte: “Quando os deuses ficaram entediados, inventaram os humanos. Quando ficaram mais entediados ainda, inventaram o amor. E aí ninguém mais ficou entediado”. Por aí já se tem uma pista de como o diretor Robert Benton vai tratar do assunto em “Banquete do Amor” (Feast of Love, EUA, 2007): como algo que muda a cabeça de todo mundo. Para o bem ou para o mal? Depende da pessoa.
Para Bradley (Greg Kinnear), amigo do professor Harry, o amor é algo com que ele não sabe lidar. É alguém do tipo que “não cuida do que é seu” e nem vê quando a mulher, Kathryn (Selma Blair), é assediada do seu lado por uma lésbica e logo depois o troca por ela. Depois, nem se dá conta de que a confusa Diana (Radha Mitchell) se casa com ele apenas por que o amante casado, David (Billy Burke), não se separa da mulher.
Para Chloe (Alexa Davalos) e Oscar (Toby Hemingway), o amor é algo que acontece de imediato, como uma possibilidade de redenção. Ela tem a vida marcada, ele é maltratado por um pai violento. Juntos podem ser melhores. A Harry resta observar, ser confidente, ferido que está pela morte recente do filho drogado. O filme se constrói desses encontros e desencontros e disso extrai seu interesse. Mas é bom avisar: não tem final feliz. (Ronaldo Victoria)